Colômbia

Farc admitem crimes contra a humanidade

Comandantes da dissolvida guerrilha maoísta Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) aceitaram sua responsabilidade pelos crimes de guerra e crimes contra a humanidade relacionados ao sequestro de mais de 21 mil pessoas. “Reconhecemos expressamente a responsabilidade pelo tribunal na acusação” emitida pela Jurisdição Especial para a Paz (JEP), em 28 de janeiro, indicaram em carta sete ex-líderes rebeldes que assinaram o histórico pacto de paz em 2016. “Os referidos acontecimentos e condutas consistiram em ordenar a captura e a privação da liberdade, de forma prolongada, de civis e militares”, acrescentaram.
Por meio de uma entrevista coletiva virtual, os ex-guerrilheiros asseguraram que entregaram à JEP um documento com a aceitação formal dos crimes de que são acusados. “Também reconhecemos explicitamente as condições precárias e difíceis que enfrentaram as pessoas sequestradas pelas Farc (...), do sofrimento infligido de maneira injustificável às vítimas e suas famílias”, declarou o agora senador Julián Gallo, também conhecido como Carlos Lozada.
Oito comandantes de alto escalão daquela que foi a guerrilha mais poderosa do continente foram indiciados por crimes contra a humanidade ocorridos entre 1990 e 2016, quando sequestraram 21.396 pessoas. Entre os líderes, estão Rodrigo Londoño, chefe do partido de esquerda Comunes, surgido a partir do acordo, e os deputados Pablo Catatumbo e Lozada, que ocupam duas das 10 cadeiras no parlamento concedidas ao partido. Um dos acusados morreu em janeiro.
Esta é a primeira acusação da JEP desde a sua criação em 2017. O tribunal julgará os piores crimes cometidos em mais de seis décadas de conflito armado. Durante sua longa e malsucedida luta pelo poder, as Farc recorreram ao sequestro de pessoas para fins econômicos e políticos. Em julho de 2018, os líderes rebeldes começaram a responder individualmente ao JEP por este crime, um dos mais repudiados pelos colombianos. Em diferentes ocasiões, pediram perdão às vítimas.