Espanha

Madri vai às urnas em eleição regional importante para o cenário nacional

Segundo pesquisas, o Partido Popular deve manter o controle na região mais influente da Espanha

Agência France-Presse
postado em 04/05/2021 07:53
 (crédito: PIERRE-PHILIPPE MARCOU / AFP)
(crédito: PIERRE-PHILIPPE MARCOU / AFP)

Madri, Espanha - Mais de cinco milhões de madrilenos devem votar nesta terça-feira (4/5) em eleições regionais polarizadas e importantes para o cenário nacional, nas quais a direita espera conservar seu reduto e ganhar força diante da coalizão de esquerda que governa a Espanha.

Os locais de votação abriram as portas às 9h (4h de Brasília) e grandes filas eram formadas em alguns pontos. A eleição acontece em um dia útil, algo incomum no país. A votação prosseguirá até as 20h (15h de Brasília) e os resultados devem ser divulgados durante a noite.

As pesquisas apontam que o conservador Partido Popular, liderado pela presidente regional Isabel Díaz Ayuso, deve manter o controle na região mais rica e influente da Espanha, que a formação governa há 26 anos.

Os socialistas do primeiro-ministro Pedro Sánchez, os mais votados em 2019 na capital mas que não conseguiram formar um governo, podem registrar seu pior resultado na história na região.

Estas são as primeiras eleições em Madri desde o início da pandemia de coronavírus em março de 2020, que afetou em particular a capital espanhola, que se viu obrigada a improvisar hospitais de campanha e um necrotério em uma pista de patinação sobre o gelo. Com 15.000 mortes do total de 78.000 no país, a região da capital tem o pior índice de incidência por covid-19, com 45% dos leitos de UTI ocupados com pacientes da doença.

Presidente dos bares

Mas os conservadores acreditam em capitalizar a arriscada política de medidas flexíveis adotada há quase um ano por Díaz Ayuso, com a abertura contínua de bares, restaurantes e casas de espetáculos. A resistência às pressões do governo central e a oposição a endurecer as restrições renderam amplas simpatias, especialmente no setor de bares e restaurantes, com cervejas e pizzas batizadas em sua homenagem.

Com 136 cadeiras em disputa no Parlamento regional, os conservadores do Partido Popular podem dobrar o resultado de 2019 e se aproximar da maioria absoluta, de acordo com as pesquisas, mas provavelmente precisarão do apoio do partido de extrema-direita Vox.

Governar com o Vox, tem um discurso anti-imigração e de grande hostilidade com a esquerda, "não seria o fim do mundo", afirmou Díaz Ayuso. O resultado das eleições antecipadas terá validade de apenas dois anos, pois os madrilenos terão que votar novamente em 2023, quando devem acontecer as legislativas nacionais.

Enquanto aguarda a disputa nacional, o PP, desbancado do poder central em 2018, apresenta a "batalha de Madri" como a primeira etapa da futura disputa eleitoral com o socialista Pedro Sánchez, que governa em coalizão com o partido de esquerda radical Podemos. "Esta campanha também é decisiva para a Espanha porque vai marcar um antes e um depois", afirmou Díaz Ayuso.

Slogans e ameaças

A campanha aconteceu dentro de uma estrita lógica de blocos: os partidos de direita (PP, Vox e os liberais de Cidadão) contra as formações de esquerda (PSOE, Podemos e sua cisão Mais Madri). Os debates sobre problemas concretos como a gestão da pandemia, os problemas de habitação e de investimentos em serviços públicos não tiveram peso.

Em um clima de slogans bombásticos ("comunismo ou liberdade", "fascismo ou democracia"), a campanha foi abalada por ameaças contra vários líderes políticos, entre eles Díaz Ayuso e o líder do Podemos, Pablo Iglesias, com envelopes que continham balas de armas de fogo .

Iglesias abandonou o cargo de vice-presidente do governo central para liderar a lista de seu partido, que está em sérias dificuldades tanto a nível regional como nacional.

Analistas apontam que as chances de a esquerda conquistar o governo de Madri passam por uma ampla mobilização de seu eleitorado. A votação acontece sob rígidas medidas para minimizar o risco de contágio para eleitores e mesários.

As autoridades pediram às pessoas com covid-19 ou suspeita de contágio que votem no último horário, entre 19h e 20h, mas esta não é uma obrigação.

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