O comitê de supervisão independente do Facebook decidiu manter a decisão, tomada em 7 de janeiro passado, de impedir o ex-presidente norte-americano Donald Trump de publicar em seus perfis no Facebook e no Instagram. “No entanto, como o Facebook suspendeu as contas do senhor Trump indefinidamente, a empresa deve reavaliar esta penalidade”, recomendou o comitê. “Dentro de seis meses, o Facebook deverá reexaminar a penalidade arbitrária imposta em 7 de janeiro e decidir pela pena apropriada, a qual tem que se basear na gravidade da violação e na perspectiva de danos futuros.” O painel, cujas decisões são vinculantes para a rede social, avaliou que Trump “criou um ambiente onde um sério risco de violência era possível”, após publicações sobre a invasão ao Capitólio, por parte de simpatizantes, em 6 de janeiro.
“Não é aceitável para o Facebook manter um usuário fora de sua plataforma por um período indefinido, sem critérios de quando ou se sua conta será restabelecida”, reiterou o comitê. O órgão declarou que “nem sempre é útil fazer distinções entre líderes políticos e outros usuários influentes, reconhecendo que outros usuários com grande audiência também podem contribuir para sérios riscos de danos”. “Quando as postagens de usuários influentes representam uma alta probabilidade de dano iminente, o Faceboook deve agir rapidamente para fazer cumprir suas regras”, apontou.
Trump reagiu com indignação. “O que o Facebook, o Twitter e o Google fizeram é uma desgraça total e uma vergonha para o nosso país. A liberdade de expressão tem sido amealhada do presidente dos EUA porque os lunáticos da esquerda radical temem a verdade. No entanto, a verdade surgirá de qualquer forma, maior e mais forte do que nunca”, escreveu, em nota à imprensa. “Essas companhias corruptas das mídias sociais devem pagar um preço político e nunca mais poderem destruir o nosso processo eleitoral.”
Precedente
A medida pode impactar outros governantes, incluindo Jair Bolsonaro. Em 29 de março do ano passado, o Facebook, o Twitter e o Instagram apagaram vídeos publicados por Bolsonaro exibindo um passeio do presidente por Brasília. Em uma das gravações, ele defende a hidroxicloroquina contra a covid-19 e o fim do distanciamento social.
Cofundadora e presidente do Projeto Global contra o Ódio e o Extremismo, organização que monitora movimentos fascistas nas redes sociais, Wendy Via afirmou ao Correio que considerou correta a decisão do comitê. “Trump é muito volátil e perigoso para ganhar acesso normalmente à plataforma. Ele violou todas as normas do Facebook, repetidamente e durante anos, sem repercussões, colocando vidas e democracias em risco”, lamentou.
Para Wendy, o Facebook precisa admitir que é impossível esconder a realidade sobre seu “papel na disseminação do ódio e no enfraquecimento das democracias, e que tem responsabilidade ante bilhões de usuários e ante a cidadania global”. “O Facebook deve pôr fim a notícias sem critérios e excluir comentários indevidos de líderes, aplicar todas as políticas globalmente e para todos, e reforçar a verificação de fatos em publicidade política”, defendeu. A ativista citou Bolsonaro. “O perfil de Bolsonaro foi sinalizado por desinformação sobre a covid-19. O Facebook terá de tomar uma decisão sobre se acaba com excecções para os governantes ou se os deixa prosseguirem sem retificação. A primeira decisão veio com Trump e ela deverá influenciar como o Facebook tratará outros líderes, incluindo Bolsonaro.” (RC)
Notícias pelo celular
Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.
Dê a sua opinião
O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.