Uma bebê de dois meses foi salva graças a um feito inédito na área médica: um transplante de coração parado (sem receber sangue por horas) de um doador com tipo sanguíneo incompatível. Naiara recebeu o órgão de outra criança, vítima de uma parada cardíaca, em uma cirurgia extremamente delicada, realizada por médicos do Hospital Gregorio Marañón, na Espanha.
O problema cardíaco de Naiara foi identificado antes de ela nascer. Exames pré-natais revelaram que ela sofria de uma cardiopatia congênita — enfermidade que surge durante as primeiras oito semanas de gestação, momento em que o coração está se formando.
Os médicos optaram por um parto prematuro, durante a 34º semana de gestação para iniciar os procedimentos para um possível recebimento de outro coração. “Esperamos o tempo necessário para amadurecer o restante dos órgãos e, assim, considerar a possibilidade de Naiara entrar na lista de transplantes”, relata, em comunicado, Manuela Camino, chefe da Unidade de Transplante Cardíaco Infantil do hospital espanhol
Em 2018, o mesmo hospital fez uma cirurgia semelhante, mas sem o coração parado. Em um transplante tradicional, o cirurgião retira o órgão ainda batendo do doador. No caso de o coração já estar parado, ele precisa ser reanimado e, só em seguida, coletado. Por esse motivo, os especialistas usaram uma máquina de respiração artificial para reanimar o órgão do bebê doador. “Somos o coração e o pulmão da criança durante a cirurgia cardíaca”, explica José Ángel Zamorano, médico do hospital responsável pelo procedimento.
Boa evolução
Havia ainda o risco de rejeição devido à incompatibilidade sanguínea. A cirurgia foi feita com sucesso, e, depois de algumas semanas na unidade de terapia intensiva, Naiara foi transferida para a enfermaria, onde está se recuperando do procedimento e evoluindo favoravelmente, segundo o hospital. “É importante lembrar que ela nasceu prematuramente, com menos de dois quilos, e o transplante aconteceu dois meses depois, quando pesava 3,2 quilos, o que a torna um dos menores bebês a receber transplante”, ressalta o comunicado.
A equipe avalia que a cirurgia deve ser comemorada e poderá ser repetida para salvar a vida de outras crianças em situação semelhante. “Esse feito representa aumentar significativamente as chances de recuperação de bebês de poucos meses, para os quais há poucas doações”, justifica Juan Miguel Gil Jaurena, chefe da Cirurgia Cardíaca Infantil do centro médico.
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