A crise violenta que explodiu há quase um mês na Colômbia somou mais vítimas neste fim de semana, sem que o presidente, Iván Duque, pressionado pelos protestos, que levaram a abusos policiais, consiga conter a revolta popular, que acontece em plena pandemia.
Entre sexta-feira e hoje, autoridades deram conta da morte de um homem de 21 anos e um policial de 22, ambos baleados em Cali, e de uma recém-nascida que era transportada de ambulância e não pôde ser atendida devido a um bloqueio na estrada que liga Buenaventura àquela cidade.
Também multiplicaram-se os feridos nos protestos, que, além de Cali, aconteceram em Bogotá e Medellín. Entre eles estava um policial atingido por uma bomba incendiária durante uma manifestação no sudoeste da capital colombiana.
O Ministério Público e a Defensoria do Povo contabilizam 42 mortos desde abril. Já a ONG Temblores fala em 43 homicídios.
O descontentamento popular é exibido diariamente, com manifestações pacíficas durante o dia e distúrbios graves à noite. Foi o que aconteceu em Bogotá, onde "pequenos grupos violentos atacaram a polícia e tentaram vandalizar alguns lugares", apontou o secretário de governo da cidade.
Com os focos de protesto ativos, o governo Duque tenta se aproximar da organização mais visível dos manifestantes, o chamado Comité del Paro, que, no entanto, não reúne todos os setores insatisfeitos. Após várias rodadas de conversas, as partes não conseguiram avançar para uma negociação que ponha fim à crise.
O defensor do povo, Carlos Camargo, alertou hoje que "a segurança alimentar está em risco" devido ao fechamento de vias. "Os bloqueios e a obstrução de vias públicas não são expressão de um protesto pacífico. Violam os direitos dos cidadãos e caminham para gerar na Colômbia uma fome artificial entre a população", advertiu.
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