Israel

Governo israelense quer mecanismo para que ajuda externa a Gaza não passe pelo Hamas

O exército israelense costuma acusar o Hamas de desviar a ajuda internacional destinada a Gaza, pobre e isolada por um bloqueio israelense em vigor há 15 anos, e de dedicá-la a fins militares como, por exemplo, a fabricação de foguetes

Agência France-Presse
postado em 24/05/2021 16:27 / atualizado em 24/05/2021 16:50
 (crédito: SEBASTIAN SCHEINER)
(crédito: SEBASTIAN SCHEINER)

O Ministério da Defesa israelense informou nesta segunda-feira (24) que os planos de reconstrução da Faixa de Gaza, devastada por uma nova guerra, devem passar por um sistema internacional que contorne o movimento islâmico Hamas e beneficie diretamente a população.

O exército israelense costuma acusar o Hamas de desviar a ajuda internacional destinada a Gaza, pobre e isolada por um bloqueio israelense em vigor há 15 anos, e de dedicá-la a fins militares como, por exemplo, a fabricação de foguetes.

"Para alcançar os objetivos de reabilitar Gaza sem representar uma ameaça a Israel, ao povo de Gaza ou à região, os esforços de reconstrução terão que envolver uma ampla gama de atores", disse um funcionário do ministério da Defesa, que não quis revelar sua identidade à AFP.

O ministério, chefiado pelo ex-chefe do Exército Benny Gantz, pede um maior "envolvimento da Autoridade Palestina (do presidente Mahmud Abbas, com sede na Cisjordânia) para evitar que os recursos do Hamas aumentem e cheguem diretamente à população" de Gaza.

Segundo este encarregado, o financiamento e a organização da reconstrução devem passar pela criação de um mecanismo que envolva os principais atores, incluindo Estados Unidos e Europa, mas também atores regionais como os países do Golfo, o Egito, tradicional mediador entre o Hamas e Israel, e a Jordânia.

Gaza é governada pelo Hamas desde 2007. O enclave, que abriga quase dois milhões de pessoas afetadas pela pobreza e pelo isolamento, sofreu quatro guerras entre Israel e o Hamas desde 2008.

Uma trégua, em vigor desde a sexta-feira, encerrou 11 dias de violentos bombardeios que deixaram mais de 200 mortos em Gaza. Do lado israelense, foguetes disparados pelo Hamas a partir do enclave mataram 12 pessoas.

Agora, os esforços diplomáticos estão concentrados na reconstrução e no alívio das tensões.

No sábado, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou sua intenção de dedicar ajuda financeira significativa para "reconstruir Gaza", mas sem dar ao Hamas "a oportunidade de recuperar seu sistema de armas".

Na terça-feira, o chefe da diplomacia norte-americana, Antony Blinken, chega à região para se reunir com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, e com o presidente da Autoridade Palestina sobre o assunto.

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