Peru

Ataque armado a dois bares deixa 14 mortos no Peru

O caso pode aumentar a tensão na campanha para o segundo turno das eleições presidenciais, em 6 de junho, entre o esquerdista Pedro Castillo e a direitista Keiko Fujimori

Agência France-Presse
postado em 24/05/2021 18:54 / atualizado em 24/05/2021 18:57
 (crédito: ERNESTO BENAVIDES / AFP)
(crédito: ERNESTO BENAVIDES / AFP)

Quatorze pessoas, entre elas duas crianças, foram mortas a tiros dentro de dois bares em um vale remoto de cultivo de coca no Peru, onde atuam remanescentes da guerrilha maoísta Sendero Luminoso, que autoridades classificam como grupo terrorista, anunciaram as Forças Armadas nesta segunda-feira.

O massacre foi realizado na noite passada e atribuído à guerrilha pelo Comando Conjunto das Forças Armadas. O caso pode aumentar a tensão na campanha para o segundo turno das eleições presidenciais, em 6 de junho, entre o esquerdista Pedro Castillo e a direitista Keiko Fujimori.

Segundo o governo, as 14 pessoas foram mortas na aldeia de San Miguel del Ene, localizada no distrito de Vizcatán del Ene, de 5 mil habitantes. "Foram encontrados no local panfletos ordenando à população que não participe do processo eleitoral", informou o Comando Conjunto, que atribuiu o ataque a uma coluna senderista comandada por Víctor Quispe Palomino ("Camarada José").

"Condeno e repudio energicamente o assassinato de 14 pessoas naquela região", tuitou o presidente interino peruano, Francisco Sagasti, que ordenou o envio de patrulhas militares e policiais ao local, "para que essa ação terrorista não fique impune".

A ministra da Defesa, Nuria Esparch, afirmou que os responsáveis serão punidos e declarou que o governo Sagasti "garante a realização de eleições livres, transparentes e ordenadas". O Ministério Público encarregou uma unidade especializada em terrorismo de iniciar as investigações.

Corpos carbonizados 

O prefeito de Vizcatán del Ene, Alejandro Atao, e o juiz de paz Leonidas Casas contaram à polícia que, após serem alertados por vizinhos, nesta madrugada, foram até os bares, onde encontraram os 14 corpos. Eles relataram que havia no local cartuchos de balas e panfletos convocando a limpar a a região "e o Peru de antros do mal viver, de parasitas e corruptos". Os papéis eram assinados pelo Comitê Central do "Militarizado Partido Comunista do Peru" (Sendero).

Casas contou ainda que, "na área dos caixas dos estabelecimentos, foi observada uma fumaça que vinha de quatro corpos, entre eles o de duas crianças carbonizadas, irreconhecíveis", indica um relatório policial.

Quase todos os líderes do Sendero Luminoso estão presos, mas seus remanescentes, comandados pelo Camarada José, ainda atuam no maior vale de cultivo de folha de coca do Peru, sob vigilância militar desde 2006. Partidários de Keiko Fujimori tentam relacionar Pedro Castillo ao braço político do Sendero, o que o candidato nega. Em publicação no Twitter, ele condenou "esse atentado terrorista" e pediu "que se aplique todo o peso da lei" sobre os autores.

Os líderes históricos da guerrilha, que estão presos, afirmam que a facção não opera sob seu comando e negam laços com o narcotráfico.

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