Justiça

Francês detido no Irã em 2020 será julgado por "espionagem"

Benjamin Brière será acusado de espionagem e propaganda contra o sistema político da república islâmica e pode ser condenado à morte

Agência France-Presse
postado em 30/05/2021 09:34
 (crédito: Francois Mori / POOL / AFP)
(crédito: Francois Mori / POOL / AFP)

Teerã, Irã - Benjamin Brière, um francês detido no Irã desde maio de 2020, será julgado por "espionagem e propaganda contra o sistema político" da República Islâmica, informou seu advogado à AFP.

A acusação de espionagem no Irã pode resultar na pena de morte, enquanto a acusação de propaganda contra o sistema implica penas de prisão de três meses a um ano. "O promotor prepara o documento de acusação, que será enviado ao tribunal revolucionário para o prosseguimento do processo judicial", afirmou o advogado Saïd Dehghan. Brière está detido em Mashhad, nordeste do Irã.

O anúncio acontece poucos dias depois da publicação na imprensa francesa de uma carta aberta da irmã do acusado, na qual faz um apelo ao presidente Emmanuel Macron para obter a libertação de Brière, detido segundo ela "sem fundamento" e transformado em "instrumento de negociações".

Seu advogado na França, Philippe Valent, afirmou que "até o momento" nem Macron nem a chancelaria francesa responderam, "deixando a família de Benjamin ainda mais preocupada e indefesa diante da detenção arbitrária".

O francês era objeto de outras duas acusações que não foram confirmadas na instrução do caso: "corrupção na Terra", uma das acusações mais graves do código penal iraniano, que pode ser punida com pena de morte, e consumo de bebida alcoólica, castigada com uma pena de flagelação, segundo seu advogado no Irã.

Brière, nascido em 1985, é acusado de espionagem por "fotografias em áreas proibidas" feitas com um drone em um parque natural do Irã, explicou Dehghan. A irmã afirma que ele foi detido quando passava pela República Islâmica como turista, durante um longa viagem iniciada em 2018.

O Irã mantém retidos mais de 10 portadores de passaportes ocidentais, a maioria deles com dupla nacionalidade, o que as ONGs condenam como uma política de tomada de reféns que visa obter concessões das potências estrangeiras.

Nos últimos anos, o Irã conseguiu várias trocas de prisioneiros com outros países e, atualmente, tenta reativar o acordo internacional de 2015 sobre seu programa nuclear, em negociações que têm a participação da França.

 

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