A oposição e a direita radical israelense negociam, nesta segunda-feira (31/5), os termos de uma aliança para instaurar um "governo de mudança" capaz de retirar do poder o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, cujo mandato é o mais longo da história de Israel.
O destino de Netanyahu, no poder desde 2009 e que também foi primeiro-ministro de 1996 a 1999, deve ser definido no máximo até quarta-feira (2/6), às 23h59 (17h59 de Brasília), prazo concedido pela lei ao líder da oposição, o centrista Yair Lapid, para anunciar se conseguiu formar um governo.
Após 11 dias de guerra entre Israel e o movimento palestino Hamas e de uma trégua política, Naftali Bennett, líder da direita radical, anunciou no domingo (30/5) o apoio a um "governo de unidade nacional" que Lapid, rival de Netanyahu, tenta organizar com urgência.
À frente do partido Yesh Atid ("Há um futuro"), Lapid recebeu a missão do presidente Reuven Rivlin, no início de maio, de tentar formar uma coalizão para tirar Israel de dois anos de crise política, a mais longa da história do país.
Lapid e Bennett - do Partido Yamina -, os dois novos aliados, reuniram-se no domingo para formalizar a aliança. As negociações prosseguem nesta segunda-feira.
Lapid vai discursar na Kneset, o Parlamento israelense, para fazer um balanço das negociações.
Mas o jogo não acabou. Lapid ainda precisa reunir o apoio de quatro deputados para alcançar os 61 parlamentares necessários para formar uma coalizão, isto sem contar com as manobras de último minuto de Netanyahu, decidido a permanecer no poder.
"Este governo será um perigo para a segurança do Estado de Israel. É a fraude do século", reagiu Netanyahu, após o anúncio do apoio de Bennett a Lapid.
Para o jornal de direita "Maariv", os últimos acontecimentos marcaram uma ruptura, e Netanyahu está mais encurralado do que nunca.
"Naftali Bennett apareceu de repente como primeiro-ministro, e Benjamin Netanyahu se tornou o líder da oposição", comentou o colunista Ben Caspit.
Netanyahu tentou uma aposta arriscada no domingo: "um bloco de direita", com Bennett e Gideon Saar, líder de um pequeno partido de direita, com um acordo para um rodízio no cargo de chefe de Governo. Ambos recusaram a ideia.
Bennett considera que Netanyahu tenta levar todo país com ele "em sua última batalha pessoal".
Bennett e depois Lapid?
Até o momento, Lapid obteve o apoio de 57 deputados - de esquerda, de centro, de dois partidos de direita e do Yamina. O bloco busca o apoio dos partidos árabes israelenses, que ainda não anunciaram sua posição.
"A esquerda assume compromissos longe de serem fáceis, quando me concede (...) o papel de primeiro-ministro", declarou Bennett, muito próximo aos colonos israelenses.
A imprensa israelense afirma que existe um acordo para que ele assuma o governo durante os dois primeiros anos. E depois cederá o posto a Lapid.
Este cenário representaria o fim de uma era política, que começou há 25 anos com a vitória de Netanyahu sobre Shimon Peres, o artífice dos Acordos de Oslo sobre a autonomia palestina. Netanyahu voltou ao poder em 2009 e governa o país desde então.
Julgado por "corrupção" em três casos, ele é o primeiro chefe de Governo israelense que enfrenta processos penais durante o mandato. E estes podem afetá-lo, se perder a imunidade garantida por lei como primeiro-ministro.
Se o campo anti-Netanyahu não conseguir formar um governo, 61 deputados poderão pedir ao presidente para escolher um novo parlamentar para formar o governo.
Caso esta opção também fracasse, os israelenses devem voltar às urnas para as quintas eleições em dois anos.
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