EUA

Biden se esforça para alcançar as mudanças prometidas aos afro-americanos

Em novembro de 2020, ao enfrentar o republicano Donald Trump, os afro-americanos desempenharam um papel fundamental em sua vitória

Agência France-Presse
postado em 01/06/2021 19:31 / atualizado em 01/06/2021 19:32
 (crédito:  AFP / Nicholas Kamm)
(crédito: AFP / Nicholas Kamm)

O presidente Joe Biden, muito popular entre os afro-americanos, a quem deve em grande parte sua chegada à Casa Branca, prometeu "uma mudança real" para a comunidade negra dos Estados Unidos.

Porém, desde que assumiram o cargo em janeiro, Biden e Kamala Harris, a primeira vice-presidente negra do país, já se depararam com alguns obstáculos.

A salvação pelos eleitores negros

Durante sua campanha para presidente no início de 2020, Biden sofreu três derrotas humilhantes nas primárias democratas, em Iowa, New Hampshire e Nevada, e a recuperação parecia improvável.

Mas Biden, por oito anos vice-presidente de Barack Obama, o primeiro presidente negro do país, voltou com força na votação da Carolina do Sul graças ao apoio esmagador dos eleitores negros, o que lhe deu o impulso para finalmente ganhar a indicação democrata.

Depois, em novembro de 2020, ao enfrentar o republicano Donald Trump, os afro-americanos novamente desempenharam um papel fundamental em sua vitória.

E o veterano político destacou isso em seu discurso de vitória. “Quando esta campanha estava em seu ponto mais baixo, a comunidade afro-americana me apoiou de novo. Sempre me apoiaram e eu os apoiarei”, afirmou ele.

Gabinete diverso

Com Harris, de ascendência indiana e jamaicana, Biden construiu o gabinete mais diverso da história americana.

O general aposentado Lloyd Austin se tornou o primeiro secretário de Defesa negro, e Cecilia Rouse é a primeira mulher negra a presidir o Conselho de Consultores Econômicos do governo.

Os afro-americanos representam 13% da população americana, mas eram 22% dos eleitores de Biden em novembro de 2020, de acordo com o Joint Center for Political and Economic Studies, um centro de estudos de Washington focado em estudos sobre a comunidade negra.

Após os primeiros 100 dias do mandato de Biden, 24% de seu gabinete se identificava como afro-americano, segundo o centro, que, no entanto, observou em abril que ainda havia "muito mais trabalho para garantir uma representação justa e igualdade racial para as comunidades negras" em todo o país.

Família Floyd na Casa Branca 

A morte em maio de 2020 de George Floyd, homem negro asfixiado pela pressão feita por um policial branco com seu joelho, após prendê-lo por uma contravenção, agora condenado por assassinato, gerou uma onda histórica de protestos contra o racismo nos Estados Unidos.

Biden, no meio de sua corrida para a Casa Branca, encontrou-se com a família de Floyd em particular antes de seu funeral em Houston.

Um ano depois, como presidente, ele deu as boas-vindas à família Floyd na Casa Branca no aniversário de sua morte. Ecoando as palavras da filha de Floyd, Gianna, que disse que seu pai havia "mudado o mundo", Biden disse: "Ele mudou".

Difícil reforma policial 

"Todos nós vimos o joelho da injustiça no pescoço dos Estados Unidos negro", declarou Biden em um discurso no Congresso no fim de abril, referindo-se ao caso Floyd. "Agora é nossa chance de fazer um progresso real."

Algumas semanas antes, em uma reunião com legisladores negros, havia prometido "gerar uma mudança real".

No entanto, uma parte importante dessa mudança, a proposta de reforma policial, está paralisada no Congresso.

A Câmara dos Representantes, controlada pelos democratas, aprovou a "Lei George Floyd de Justiça no Policiamento" em março, mas o texto tem poucas chances de ser aprovado no Senado em sua forma atual.

Republicanos e democratas estão negociando um possível acordo.

A espinhosa questão das "reparações" 

Depois de um ano marcado pela morte de Floyd, o centenário nesta terça-feira do massacre da "Black Wall Street", na cidade de Tulsa, deu um novo impulso aos apelos para que os americanos negros recebam reparações pelos erros do passado.

Biden é a favor de um projeto de lei que criaria uma comissão de especialistas encarregada de fazer propostas sobre possíveis reparações aos descendentes dos quatro milhões de africanos levados à força para os Estados Unidos entre 1619 e 1865, quando a escravidão foi abolida.

O texto ainda não foi colocado em votação na Câmara e seu futuro é incerto no Senado.

Nesta terça, antes das declarações de Biden em Tulsa, a Casa Branca anunciou uma nova ajuda financeira à comunidade afro-americana, especialmente voltada para lidar com as disparidades raciais no acesso à habitação e na criação de pequenos negócios.

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