A promessa tinha sido feita em 6 abril, durante visita a um centro de vacinação montado em Alexandria, no estado da Virgínia. “Acredito que, até o fim do verão, teremos uma parcela significativa da população americana vacinada. Logo, quando tivermos (imunização) suficiente, poderemos distribuí-las (vacinas) para o resto do mundo”, afirmou o presidente dos EUA, Joe Biden, naquela ocasião. Com 162 milhões de cidadãos vacinados (62,8% da população adulta), os EUA anunciaram, ontem, a doação de 80 milhões de vacinas anticovid a serem distribuídas globalmente até o fim deste mês — 75% das quais pelo programa Covax em regiões como a América Latina.
O Brasil será contemplado, mas não estão claros nem a quantidade nem o cronograma do envio das doses das vacinas AstraZeneca, Pfizer, Moderna e Johnson&Johnson. Inicialmente, 25 milhões de doses serão distribuídas — 6 milhões para a América do Sul, América Central e Caribe, incluindo Brasil, Argentina, Colômbia, Costa Rica, Peru, Guatemala e Haiti. Até o fechamento desta edição, o governo de Jair Bolsonaro não tinha se manifestado sobre o tema. Washington informou que, para as doses a serem enviadas por meio do mecanismo Covax, priorizará países da América Latina e Caribe, além do Sul e Sudeste Asiático e da África.
“Compartilhamos essas doses, não por favores ou concessões. Compartilhamos essas vacinas para salvar vidas e liderar o mundo em direção ao fim da pandemia com o poder de nosso exemplo e nossos valores”, afirmou Biden, por meio de um comunicado. “Continuaremos a seguir a ciência e a trabalhar em cooperação com nossos parceiros democráticos, a fim de coordenar um esforço multilateral, inclusive por meio do G7”, acrescentou, ao citar o grupo dos seis países mais industrializados do mundo (Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido).
“Hoje, o governo anuncia o quadro para a divisão das 80 milhões de doses americanas através do mundo”, declarou a Casa Branca em um comunicado. “Ao menos três quartos das doses doadas serão distribuídas via Covax”, acrescentou. Os 25% restantes (20 milhões de doses) serão destinados “a países necessitados, aqueles que enfrentam surtos da epidemia, a vizinhos imediatos” dos Estados Unidos, explicou a Casa Branca.
Jeff Zients, coordenador da Casa Branca para a resposta à covid-19, declarou que “o processo de exportar os primeiros 25 milhões (de doses) está em andamento”. Segundo o plano dos Estados Unidos (veja quadro), das primeiras 25 milhões de doses, cerca de 7 milhões serão destinadas à Ásia; 6 milhões irão para a América do Sul, América Central e Caribe; 5 milhões foram reservados para a África e distribuídos em coordenação com a União Africana, disse o assessor de segurança nacional Jake Sullivan. “Os EUA terão a autoridade definitiva para dizer que as doses vão para lá ou para cá”, acrescentou.
Gratidão
Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), se disse “muito grato” pelo anúncio de Biden “para proteger aqueles que estão em maior risco e incentivar outros a fazerem o mesmo”. Andrés Manuel López Obrador, presidente do México, afirmou que agradeceu à vice-presidente dos EUA, Kamala Harris. “Expressei o agradecimento em nome do povo do México”, disse. Por meio do Twitter, o presidente da Costa Rica, Carlos Alvarado, destacou “o plano do presidente dos EUA para fornecer mais vacinas contra a covid-19 em nível global e fortalecer o mecanismo Covax”. Segundo ele, o primeiro anúncio, de 25 milhões de doses, vai provocar “maior disponibilidade global de vacinas para enfrentar a pandemia”.
A Índia manifestou sua gratidão. O primeiro-ministro Narendra Modi contou no Twitter que conversou com Kamala Harris, depois do anúncio. “Agradeço profundamente a garantia de fornecimento para a Índia como parte da estratégia dos Estados Unidos”, disse Modi.
A primeira remessa
Como será a distribuição inicial das vacinas por parte dos Estados Unidos
» Total de vacinas do primeiro lote: 25 milhões
Vacinas compartilhadas por meio da Covax: cerca de 19 milhões, com a seguinte divisão:
» América do Sul e Central — 6 milhões
Brasil, Argentina, Colômbia, Costa Rica, Peru, Equador, Paraguai, Bolívia, Guatemala, El Salvador, Honduras, Panamá, Haiti e outros países da Comunidade Caribenha (Caricom), bem como a República Dominicana.
» Ásia — 7 milhões
Índia, Nepal, Bangladesh, Paquistão, Sri Lanka, Afeganistão, Maldivas, Malásia, Filipinas, Vietnã, Indonésia, Tailândia, Laos, Papua Nova Guiné, Taiwan e ilhas do Pacífico.
» África — 5 milhões
A distribuição será feita em coordenação com a União Africana.
» Prioridades regionais e destinatários de aliados — 6 milhões
México, Canadá, Coreia do Sul, Cisjordânia e Faixa de Gaza, Ucrânia, Kosovo, Haiti, Geórgia, Egito, Jordânia, Índia, Iraque e Iêmen, bem como trabalhadores da linha de frente da Organização das Nações Unidas (ONU).
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