Alemanha

Conservadores alemães recuperam força na corrida pela sucessão de Merkel

A vitória da direita coincide com um tropeço dos Verdes, que dispararam suas expectativas com a indicação da enérgica Annalena Baerbock, 40, como candidata a chanceler

Agência France-Presse
postado em 07/06/2021 11:13 / atualizado em 07/06/2021 11:14
 (crédito: MARKUS SCHREIBER / POOL /AFP)
(crédito: MARKUS SCHREIBER / POOL /AFP)

Revitalizados por sua grande vitória no domingo (6/6) em um teste eleitoral regional, os conservadores alemães marcaram pontos na batalha pela sucessão de Angela Merkel, em setembro, contra os Verdes.

Precisando de um bom desempenho para estabelecer sua legitimidade, o novo líder da União Democrática Cristã (CDU), Armin Laschet, reforçou sua ambição de substituir a chanceler, que encerrará 16 anos no cargo após as eleições legislativas de 26 de setembro.

Na pequena região da Saxônia-Anhalt, seu partido obteve 37,1% dos votos, segundo a última contagem ainda provisória, melhorando em sete pontos o resultado de cinco anos atrás e distanciando-se claramente da extrema direita Alternativa para a Alemanha (AfD), seu principal adversário na região da ex-Alemanha Oriental comunista.

O partido anti-imigração, que algumas pesquisas levaram a crer na vitória, recupera mais de três pontos para 20,8% dos votos, mas continua confortavelmente como a segunda força da região, uma das mais pobres do país.

Se a direita "estiver unida, é praticamente impossível vencer e poderá propor o próximo chanceler", disse o chefe conservador da Saxônia-Anhalt, Reiner Haseloff, que descartou qualquer aliança com a AfD.

'Um presente' para Laschet 


O resultado é uma excelente surpresa para Armin Laschet três meses e meio antes das eleições regionais.

“Para Laschet, é um presente”, resume o diário Der Spiegel. Embora "ainda não tenha feito questão de chegar à chancelaria (...), ele se aproximou claramente", afirma o jornal Süddeutsche Zeitung em editorial.

O impopular dirigente da CDU, criticado até entre os seus companheiros de partido, precisava de um êxito eleitoral para consolidar a posição dos conservadores, que, após terem ficado atrás dos Verdes na intenção de votos a nível nacional, voltam a liderar nas pesquisas.

O maior partido alemão vive uma crise de confiança por conta da gestão governamental durante a terceira onda da epidemia de coronavírus, fracassada para alguns, assim como os escândalos de corrupção de seus deputados em contratos de compra de máscaras.

A CDU, que já sofreu dois reveses graves nas eleições regionais, também sofreu uma feroz luta interna: a candidatura de Laschet foi questionada pelo chefe de seus aliados bávaros da CSU, Markus Soder, considerado mais apto para liderar os conservadores.

Laschet acabou prevalecendo, mas ainda é pouco querido no país.

'Esperávamos mais', dizem os Verdes


Embora a situação na Saxônia-Anhalt não possa ser ampliada para o nível nacional, Reiner Haseloff compartilha muitos pontos em comum com Laschet, indica a revista Die Zeit em seu site.

“Ele é um homem de centro, um homem de compromissos. Certamente não é alguém dotado de muito carisma, mas que se mantém calmo nos momentos difíceis”, diz o semanário.

A vitória da direita coincide com um tropeço dos Verdes, que dispararam suas expectativas com a indicação da enérgica Annalena Baerbock, 40, como candidata a chanceler.

Mas uma questão de bônus não declarados, a defesa das vendas de armas à Ucrânia e uma petição para encarecer a gasolina diminuiu o entusiasmo dos alemães.

O partido, tradicionalmente fraco nas áreas da ex-RDA comunista, conquistou 5,9% dos votos nesta região, uma melhora embora menos do que o esperado pelas pesquisas.

Poderia até deixar o governo regional, já que Haseloff tem outras opções, como os sociais-democratas ou os liberais do FDP, que voltam ao parlamento e até avançam os ambientalistas com mais de 6% dos votos.

“Esperávamos mais destas eleições regionais”, reconheceu a líder dos Verdes Annalena Baerbock, que considera ter pago pela polarização do voto entre conservadores e extrema direita.

A mesma análise foi feita pelos sociais-democratas do SPD, que obtiveram 8,4% dos votos.

O resultado deve servir de alerta aos ambientalistas, estima o Süddeutsche Zeitung, “uma mensagem (...) que anuncia que as próximas semanas serão difíceis”.

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