O Departamento de Justiça dos Estados Unidos surpreendentemente pediu para defender o ex-presidente Donald Trump contra uma mulher que o acusa de tê-la estuprado nos anos 1990, e agora o processa por difamação, embora um juiz em outubro tenha decidido que essa não seria sua função.
Trump negou ter estuprado E. Jean Carroll e a chamou de "mentirosa". "Ela não é meu tipo", disse ele a repórteres em junho de 2019.
Em uma petição apresentada na segunda-feira em um tribunal de Nova York, o Departamento de Justiça considerou "vulgar e desrespeitosa" a maneira como Trump falou da ex-colunista da revista Elle.
Mas a instituição considerou que o juiz Lewis Kaplan "erroneamente" concluiu em outubro que as supostas declarações difamatórias de Trump não se enquadravam no escopo de suas funções presidenciais.
O Departamento de Justiça, coordenado pelo procurador-geral Merrick Garland, destacou que as declarações do ex-presidente à imprensa se enquadram em suas funções. E que o presidente foi "funcionário do governo federal" e por isso pode ser defendido por ele.
E. Jean Carroll, de 77 anos, e sua advogada Roberta Kaplan denunciaram esse posicionamento inesperado e disseram que esperam que o tribunal de apelações rejeite os argumentos do Departamento de Justiça.
"Enquanto as mulheres em todo o país pedem aos homens que respondam aos seus ataques, o ministério tenta me impedir de exercer esse mesmo direito. Estou furiosa! Estou ofendida!", reagiu a escritora em um comunicado nesta terça-feira (8).
"É realmente chocante que o atual Departamento de Justiça possa permitir que Donald Trump minta impunemente sobre isso", acrescentou sua advogada.
"A posição do departamento não é apenas legalmente falsa, é moralmente falsa e daria aos funcionários federais a capacidade de encobrir sua má conduta sexual brutalizando publicamente qualquer mulher que tivesse coragem de falar".
E. Jean Carroll processou Trump em novembro de 2019 em um tribunal do estado de Nova York, acusando-o de difamá-la por chamar de "mentira total" as alegações sobre as quais ele teria a estuprado no provador de uma grande loja de departamento de Manhattan nos anos 1990.
O pedido do Departamento de Justiça provavelmente atrasará o caso mais uma vez, já que a suposta vítima esperava obter em breve uma amostra de DNA de Trump e seu depoimento no tribunal.
© Agence France-Presse
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