CÚPULA DO G7

Líderes do G7 se empenham em manter o mundo longe de nova pandemia

Os sete países mais ricos do planeta formalizam, hoje, declaração para prevenir catástrofes sanitárias. Documento contempla vacinas e reforço das redes de vigilância. Líderes também criam plano para conter a ameaça da China

Correio Braziliense
postado em 13/06/2021 06:00 / atualizado em 13/06/2021 07:49
Fantasiados como os líderes dos países-membros do G7, ativistas da ONG Oxfam criticam a
Fantasiados como os líderes dos países-membros do G7, ativistas da ONG Oxfam criticam a "inércia" dos governantes, na Praia Swanpool - (crédito: Phil Noble/ AFP)

Os líderes dos sete países mais industrializados do planeta (Reino Unido, Canadá, França, Alemanha, Itália, Japão e Estados Unidos) divulgarão, ainda hoje, um plano para impedir futuras pandemias, durante o encerramento da cúpula do G7, em Carbis Bay, na Cornualha (sudoeste da Inglaterra). “Pela primeira vez, as principais democracias do mundo se uniram para garantir que nunca mais sejamos pegos de surpresa. Isso significa aprender lições dos últimos 18 meses e fazer de maneira diferente da próxima vez”, afirmou o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, que qualificou o documento como um “momento histórico”.

A Declaração de Carbis Bay deverá conter uma série de compromissos ligados à prevenção de uma nova catástrofe sanitária. Entre eles, estão a redução do tempo necessário para o desenvolvimento e o licenciamento de vacinas, tratamentos e diagnósticos para quaisquer doenças, menos de 100 dias depois de seu surgimento; o reforço das redes de vigilância sanitária global; o aprimoramento da capacidade de sequenciamento genômico de vírus; e o apoio à reforma e ao fortalecimento da Organização Mundial da Saúde (OMS).

No entanto, o pacto silencia sobre a espinhosa questão da suspensão das patentes de vacinas para acelerar a produção, uma ideia apoiada pelos Estados Unidos e pela França, mas rejeitada pela Alemanha. Na opinião da organização não governamental Oxfam, o G7 é muito brando com a indústria farmacêutica. “Esta declaração não resolve os problemas fundamentais que impedem que as vacinas sejam acessíveis à maioria da humanidade”, denunciou. Fantasiados como os sete líderes do grupo em trajes de banho, os membros da Oxfam protestaram na praia, zombando de sua inércia.

Tedros Adhamom Ghebreyesus, diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), defendeu a adoção de um Tratado sobre Pandemias, após ser convidado por Boris Johnson para participar da cúpula do G7. “À raiz da pandemia da covid-19 está um deficit de solidariedade e compartilhamento — de dados, informações, recursos, tecnologia e ferramentas — que cada nação precisa para manter sua população segura. A OMS acredita que a melhor maneira de encerrar esse deficit é por meio da adoção de um Tratado da Pandemia”, escreveu no Twitter. Ele considerou como “vitais” as doações de doses de vacinas, principalmente através do consórcio internacional Covax. Também afirmou ser importante o aumento da produção de imunizantes, com a transferência de tecnologia e isenções de propriedade intelectual.

Desafios

Além da covid-19, que deixou mais de 3,7 milhões de mortos no mundo (486.272 ni Brasil), os chefes de governo e de Estado do G7 debateram grandes desafios internacionais, como a preocupação com a influência russa e um plano de infraestruturas para os países pobres e emergentes, a fim de rivalizar com a China. O projeto, uma iniciativa do estreante Joe Biden, presidente dos Estados Unidos, busca competir com as iniciativas chinesas das “Novas Rotas da Seda”.

Intitulado Reconstruir o mundo melhor, o plano deve ajudar essas nações a se recuperarem da pandemia, com foco no clima, na saúde, na tecnologia digital e no combate às desigualdades, informou a Casa Branca, por meio de um comunicado.

Os Estados Unidos deverão investir centenas de bilhões de dólares em “nações de baixa e média renda”. Embora “os diferentes parceiros do G7 tenham orientações geográficas diferentes”, o projeto “terá um alcance global, desde a América Latina e Caribe até a África e o Indo-Pacífico”, acrescentou a Casa Branca.

Um alto funcionário do governo norte-americano disse que “não se trata de pressionar os países a escolherem entre os EUA e a China”. “Trata-se de propor outra visão e outra abordagem”, explicou. Os líderes também externaram a preocupação das grandes potências com desafios de segurança representados pela Rússia.

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