A candidata de direita Keiko Fujimori tornou a falar em fraude nas eleições presidenciais peruanas do último dia 6. “Há fraude na mesa, manipulação na mesa”, declarou, em entrevista coletiva ante a imprensa estrangeira. “Há acontecimentos gravíssimos nessa última etapa. (…) Vou reconhecer os resultados, mas temos que esperar pelo fim (da apuração)”, prometeu.
Até o fechamento desta edição, a contagem dos votos se aproximava dos 100% a passos lentos. Com 99,890% das urnas apuradas, o candidato da esquerda Pedro Castillo estava matematicamete eleito, com 50,145% dos votos (8.830.647). Keiko aparecia com 49,855% (8.779.709) — uma diferença de apenas 0,29% ou 50.938 votos.
Castillo aguarda a finalização da apuração em casa. Ontem, ele instou os simpatizantes a manterem a maturidade e a tranquilidade, ao receber uma comitiva de observadores eleitorais da Organização dos Estados Americanos (OEA). Analistas acreditam que, diante do que parece ser uma vitória iminente de Castillo, Fujimori tenta lançar dúvidas sobre a legitimidade do processo eleitoral para não parecer derrotada e não ver a sua liderança política diminuída. “Ela busca se apegar ao discurso da fraude para não derrubar tudo o que fez. É a maneira de se livrar do fracasso, da queda”, avaliou à agência France-Presse (AFP) Hugo Otero, ex-assessor do ex-presidente Alan García.
Keiko garantiu que “não há vencedores ou perdedores (no Peru)” e disse que a “esquerda internacional está intervindo” nas eleições. Foi uma referência aos cumprimentos recebidos por Castillo por parte de importantes líderes latino-americanos, como o presidente argentino, Alberto Fernández, e os ex-presidentes brasileiros Luiz Inacio Lula da Silva e Dilma Rousseff. “Vimos a saudação do presidente Fernández”, lamentou a candidata de 46 anos, filha do ex-presidente peruano Alberto Fujimori. As saudações do exterior provocaram um constrangimento diplomático. O governo peruano “foi obrigado” a entregar notas de protesto aos embaixadores desses países, informou o Ministério das Relações Exteriores do Peru.
Keiko disputa a sua terceira eleição. Desta vez, um elemento acrescentou tensão ao pleito: o procurador anticorrupção Jose Domingos Pérez, que investiga o escândalo envolvendo a empreiteira brasileira Odebrecht, pediu a prisão preventiva imediata da candidata.
Pontes
“Se vencermos, espero que eles (os eleitores de Castillo) se aproximem”, acrescentou Keiko. “Vamos construir pontes assim que o resultado acabar.” Na sexta-feira, antes da visita aos dois candidatos, os observadores da OEA afirmaram que a votação foi “um processo eleitoral positivo” e que não existiu a detecção de “irregularidades graves”. O Júri Eleitoral Nacional (JNE), órgão que analisa o processo e proclama o vencedor, ainda não decidiu sobre os pedidos de contestação de milhares de votos, especialmente feitos pela candidata da direita.
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