Em nome da "reconciliação", o governo espanhol vai indultar, na terça-feira (22/6), os nove líderes separatistas catalães presos pela tentativa de secessão de 2017, anunciou o presidente do Executivo, Pedro Sánchez, nesta segunda-feira (21/6) em Barcelona.
"Amanhã (terça-feira), pensando no espírito constitucional de concórdia, vou propor ao Conselho de Ministros que conceda o indulto aos nove condenados" - que receberam penas de entre nove e 13 anos de prisão em outubro de 2019 - e em alguns dias estarão livres, disse Sánchez no Teatro Liceo de Barcelona (nordeste).
"A razão fundamental dos indultos é sua utilidade para a convivência", argumentou o líder socialista, entre os gritos de alguns presentes na sala, que pediam uma anistia.
Sánchez explicou que "mesmo compreendendo os motivos da rejeição" à medida por parte do separatismo mais radical e da oposição de direita, seu governo "optou por abrir caminho para a reconciliação e o reencontro".
"Com este ato, retiramos materialmente nove pessoas da prisão, mas somamos simbolicamente milhões e milhões de pessoas à convivência", insistiu.
Em frente ao teatro, centenas de manifestantes separatistas exigiram uma anistia, um extremo que implicaria apagar os crimes cometidos pelos líderes separatistas, e que para o governo espanhol não tem lugar em um governo democrático.
"O que queremos é a independência, não queremos migalhas ou perdões", disse à AFP Ángel Segura, de 18 anos.
O presidente regional catalão, o separatista moderado Pere Aragonès, afirmou que "com essa decisão, o governo espanhol corrige uma sentença do Tribunal Supremo que foi injusta", porque "organizar um referendo não pode ser crime".
Campanha intensa
Em outubro de 2019, o Tribunal Supremo condenou nove líderes separatistas a penas de entre 9 e 13 anos de prisão, uma sentença que desencadeou manifestações em massa na Catalunha, algumas delas violentas.
Rejeitado pelo Tribunal Supremo, o indulto também não possui um apoio majoritário: segundo uma pesquisa Ipsos, 53% dos cidadãos espanhóis são contra, embora 68% dos catalães aprovem a medida.
A direita acusa Sánchez de tomar essa medida motivado unicamente pelo seu desejo de se manter no poder, já que seu governo minoritário precisa do apoio de parte dos independentistas no Congresso.
No entanto, a esforçada campanha do governo deu frutos, e na última semana recebeu o apoio aos indultos da patronal, tradicionalmente contra o separatismo, assim como dos bispos catalães.
Os indultos chegarão aproveitando a saída da pandemia e o fato de que as próximas eleições nacionais, previstas para janeiro de 2024, estão suficientemente longe.
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