Ditadura

Ditadura nicaraguense: 5° presidenciável é preso e investigado

As acusações contra ele e os outros detidos estão circunscritas em uma lei aprovada no ano passado, que prevê punição a quem se alie a entidades estrangeiras para conspirar contra o governo.

Agência Estado
postado em 22/06/2021 08:41 / atualizado em 22/06/2021 08:42
 (crédito: Foto: Cancillería del Ecuador, Flickr)
(crédito: Foto: Cancillería del Ecuador, Flickr)
A polícia da Nicarágua prendeu o pré-candidato à presidência Miguel Mora, investigado por "crimes contra a soberania". O político é o quinto rival do presidente Daniel Ortega, de 75 anos, a ser colocado atrás das grades. Mora, que também é jornalista, foi detido em sua casa, na noite deste domingo, 20, por "incitar a interferência estrangeira em temas internos e pedir intervenções militares", informou a polícia.
As acusações contra ele e os outros detidos estão circunscritas em uma lei aprovada no ano passado, que prevê punição a quem se alie a entidades estrangeiras para conspirar contra o governo.
Mora pretendia se candidatar pelo Partido da Renovação Democrática (PRD, evangélico), que o Conselho Supremo Eleitoral, integrado por partidários de Ortega, retirou o status de pessoa jurídica em maio, impedindo a legenda de concorrer nas eleições de 7 de novembro.
Com Mora, 18 opositores foram detidos, entre eles 5 pré-candidatos à presidência. O período para registro das candidaturas é entre 28 de julho e 2 de agosto. Possivelmente, Ortega, que está há 14 anos no poder, tentará o quarto mandato consecutivo de 5 anos.
A ação contra opositores começou em 2 de junho com a detenção da aspirante à presidência Cristiana Chamorro, de 67 anos, filha da ex-presidente Violeta Barrios de Chamorro (1990 a 1997), que tinha mais chances de derrotar Ortega nas eleições de novembro. A opositora, que não é filiada a nenhum partido, tinha 21% de intenções de voto, atrás apenas de Ortega (30%), segundo pesquisa do instituto Cid Gallup, divulgada no fim do mês passado.
Cristiana, que está em prisão domiciliar, é acusada de "gestão abusiva, falsidade ideológica e participação em lavagem de dinheiro, bens e ativos, prejudicando o Estado da Nicarágua e a sociedade do país". As acusações estão relacionadas às administração da Fundação Violeta Barrios de Chamorro (FVBCH), uma organização que leva o nome de sua mãe e é dedicada à defesa da liberdade de imprensa e de expressão.
Também foram detidos o ex-diplomata Arturo Cruz - que foi embaixador nos EUA no governo Ortega entre 2007 e 2009 - , o cientista político Félix Maradiaga e o economista Juan Sebastián Chamorro, primo de Cristiana. Mora era diretor do canal 100% Notícias, que foi fechado e atualmente existe apenas no formato digital.
Esta é a segunda operação contra Mora. Em 21 de dezembro de 2018, ele foi detido pela acusação de "incitar o ódio para promover atos terroristas" durante os protestos contra o governo. Foi liberado seis meses depois sob uma lei de anistia. O governo considera que os protestos de 2018, que terminaram com 328 mortos e milhares de exilados, segundo organismos humanitários, foram uma tentativa de golpe de Estado para afastar Ortega do poder.
Os pré-candidatos presidenciais foram detidos em meio a uma onda de prisões que inclui a de dois ex-vice-chanceleres, dois históricos ex-guerrilheiros sandinistas dissidentes, um ex-dirigente empresarial, um banqueiro, quatro ativistas e dois colaboradores de uma ONG.
Após essas detenções, que foram condenadas pela comunidade internacional, Argentina e México chamaram ontem para consultas seus embaixadores na Nicarágua em razão das "preocupantes ações político-legais do governo Ortega.
Os dois países se negaram a acompanhar uma resolução aprovada no dia 15 por 26 países da Organização dos Estados Americanos (OEA) para condenar a perseguição de opositores, com o argumento de que eles "não interferiam em assuntos internos". (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
 

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