Pandemia

Kim Jong Un demite funcionários após incidente grave vinculado à covid-19

O governo não revelou detalhes sobre o número de pessoas demitidas nem sobre os fatos atribuídos aos afetados. O país nunca informou dados da pandemia no país à OMS

Agência France-Presse
postado em 30/06/2021 07:40
 (crédito: KCNA VIA KNS / AFP)
(crédito: KCNA VIA KNS / AFP)

Seul, Coreia do Sul - O dirigente da Coreia do Norte, Kim Jong-un, demitiu vários altos funcionários que acusou de responsabilidade por um "grave incidente" relacionado com a pandemia de covid-19, da qual o regime de Pyongyang nega até o momento qualquer caso em seu território.

Os funcionários "provocaram um grave incidente que representa uma enorme crise para a segurança da nação e de seu povo", declarou Kim durante uma reunião do Politburo, citado pela pela agência oficial KCNA.

A agência não revelou detalhes sobre o número de pessoas demitidas nem sobre os fatos atribuídos aos afetados, mas Kim as acusou de serem "vítimas de egoísmo e passividade".

"A incompetência e a irresponsabilidade dos altos funcionários representam um fator significativo que desacelera a implementação de tarefas importantes", acrescentou o líder do regime norte-coreano durante a reunião, segundo a KCNA.

Até o momento, o regime norte-coreano afirma que a pandemia da covid-19 não atingiu seu território. Muitos especialistas duvidam da informação.

Kim Jong-un, que comanda um país que tem um sistema de saúde precário, decidiu fechar as fronteiras em janeiro de 2020 para evitar a propagação do novo coronavírus surgido na China, um país vizinho.

Pyongyang nunca informou casos de covid-19, nem em sua imprensa estatal nem em seus dados divulgados à Organização Mundial de Saúde (OMS).

A informação publicada pela KCNA "significa que a Coreia do Norte registrou casos", afirmou à AFP Ahn Chan-il, um desertor norte-coreano que virou pesquisador do Instituto Mundial de Estudos Norte-Coreanos, com sede em Seul.

A agência oficial informou que, durante uma reunião do Politburo, Kim criticou altos funcionários por "negligência" e por terem provocado um incidente "crucial" que gerou uma "grande crise com graves consequências para a segurança do Estado e a população".

Nenhum detalhe

Mas nada foi revelado sobre o que teria acontecido. Kim disse que a "falta de competência e a irresponsabilidade" dos altos funcionários atrasou a realização de tarefas importantes. Ele acusou estas pessoas de "autoprotecionismo e passividade".

Durante uma reunião na terça-feira, vários membros do poderoso politburo do Partido dos Trabalhadores da Coreia do Norte e de seu 'presidium' foram demitidos e outros nomes foram designados, informou a KCNA.

A agência indicou que alguns funcionários do governo foram "transferidos" e outros "nomeados".

A Coreia do Norte está sob sanções internacionais por por seu programa nuclear, o que deixa o país mais isolado do nunca. O comércio com a China foi drasticamente reduzido e voluntários de ajuda humanitária deixaram o país.

Kim Jong-un reconheceu recentemente que a Coreia do Norte, país em que o setor agrícola já registra grandes dificuldades, enfrenta uma "situação alimentar tensa".

Em abril ele pediu "uma nova 'Marcha Forçada' (...) para ajudar a população diante das dificuldades".

A "Marcha Forçada" é a expressão utilizada no Norte para designar a fome da década de 1990 que provocou centenas de milhares de mortes, depois que Moscou reduziu a ajuda em consequência do fim da União Soviética.

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