Cabul, norte da capital afegã

Base aérea de Bagram, uma das chaves para controlar o Afeganistão

A cidade caiu nas mãos dos talibãs durante sua ascensão ao poder em meados dos anos 1990

Agência France-Presse
postado em 02/07/2021 10:58 / atualizado em 02/07/2021 10:58
 (crédito: Zakeria HASHIMI  AFP)
(crédito: Zakeria HASHIMI AFP)

Situada ao norte da capital afegã, Cabul, a Base Aérea de Bagram foi, durante décadas, o bastião das forças estrangeiras que combateram os rebeldes e um símbolo das brutalidades cometidas ao longo de todos estes anos de conflito.

Localizada a 50 quilômetros de Cabul, a base é vital para a segurança da capital e tem uma enorme importância estratégica para controlar todo o norte do Afeganistão.

Tentacular, foi construída pelos americanos durante a Guerra Fria para seu aliado afegão, com o objetivo de ajudá-lo a se proteger da então União Soviética no norte.

Desde sua construção e ao longo das décadas de conflito que abalaram o Afeganistão, a base foi controlada por diferentes atores.

Foi dali que a União Soviética organizou a ocupação do Afeganistão, após a invasão de 1979. O Exército Vermelho ampliou bastante esta infraestrutura.

Após a retirada dos soviéticos em 1989, a base ficou sob controle do governo afegão, apoiado por Moscou, e, depois disso, nas mãos de uma administração mujahedine dividida durante a guerra civil.

Em um dado momento, parece, inclusive, que os talibãs controlaram uma parte, e seus inimigos da Aliança do Norte, a outra.

Bagram finalmente caiu nas mãos dos talibãs durante sua ascensão ao poder em meados dos anos 1990.

Um país mergulhado em conflitos


Depois dos atentados de 11 de setembro de 2001 e da invasão do Afeganistão por parte de uma coalizão internacional liderada pelos Estados Unidos, voltou a ficar sob controle americano.

Foi de Bagram que se lançaram os ataques aéreos contra os talibãs e seus aliados da rede Al-Qaeda e onde era organizado o reabastecimento das tropas.

Nestas duas últimas décadas, a base recebeu várias visitas de presidentes americanos.

Também abrigou uma prisão, algo que gerou polêmica pelo tratamento dado aos detentos.

Centenas de milhares de militares dos Estados Unidos e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), assim como funcionários de empresas terceirizadas, passaram por Bagram.

A instalação militar chegou a contar com piscinas, cinemas, spas e várias redes de fast food, como Burger King e Pizza Hut.

Nestes últimos meses, Bagram se tornou alvo de disparos de foguetes reivindicados pelo grupo extremista Estado Islâmico (EI), o que faz temer que seja, em breve, alvo de um verdadeiro ataque.

Após meses de consultas, o presidente americano, Joe Biden, anunciou em abril passado que suas últimas tropas em solo afegão deixarão o país até 11 de setembro próximo, pondo fim, com isso, à mais longa guerra já travada pelos Estados Unidos.

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