Haiti

Viúva de presidente fala sobre assassinato

Correio Braziliense
postado em 10/07/2021 21:45
 (crédito: Hector Retamal/AFP - 23/5/18)
(crédito: Hector Retamal/AFP - 23/5/18)


Em áudio de 2 minutos e 40 segundos divulgado por meio do perfil oficial do Twitter e cuja autenticidade foi confirmada por porta-vozes do governo, a primeira-dama do Haiti, Martine Moïse, falou pela primeira vez sobre o assassinato do marido, o presidente Jovenel Moïse. “Em um piscar de olhos, os mercenários entraram em minha casa e crivaram meu marido de balas, sem nem mesmo dar a ele a chance de dizer uma palavra”, afirmou, três dias depois do crime. “Estou chorando, é verdade, mas não podemos deixar o país perder seu caminho. Não podemos deixar que seu sangue tenha sido derramado em vão.” Martine se recupera dos tiros nas mãos e no abdome.
“Vocês sabem contra quem o presidente estava lutando. Enviaram mercenários para assassinar o presidente em casa, com toda a sua família, porque (ele) queria rodovias, água, eleições e o referendo ao fim do ano, (o assassinaram) para que não haja transição no país”, acrescentou o áudio atribuído a Martine. O referendo seria uma menção à consulta popular que Jovenel desejava realizar para aprovar uma nova Constituição. “Os mercenários que assassinaram o presidente estão na prisão, mas há outros mercenários que querem assassinar o sonho do presidente”, acrescentou a primeira-dama, ao adotar um tom político.
Jovenel foi torturado e executado por um comando armado que invadiu a residência oficial da Presidência da República do Haiti, por volta de 1h de quarta-feira (2h em Brasília), no bairro de Pétion-Ville, em Porto Príncipe. Segundo o jornal haitiano Le Nouvelliste, a polícia mantém a caçada aos “mercenários” e anunciou a prisão de 20 suspeitos, incluindo 18 colombianos e dois cidadãos com dupla cidadania haitiana e americana. As autoridades informaram que a colaboração da população foi essencial para a localização dos “bandidos”. Cinco supostos mercenários estão foragidos.
Na sexta-feira, o governo interino do Haiti enviou um “pedido urgente” aos Estados Unidos e à Organização das Nações Unidas para que enviassem tropas ao país caribenho. A missão teria caráter de estabilização e o objetivo de garantir a segurança de portos, aeroportos e da infraestrutura. O governo do presidente norte-americano, Joe Biden, respondeu que não tem planos para oferecer ajuda militar “neste momento”. No entanto, Washington admitiu que agentes do FBI (a polícia federal dos EUA) e do Departamento de Segurança Interna embarcarão rumo a Porto Príncipe para colaborarem com as investigações. O Conselho de Segurança da ONU precisaria aprovar qualquer plano de mobilização de forças para o Haiti sob os auspícios das Nações Unidas.

Hector Retamal/AFP - 23/5/18

Martine ao lado do marido, Jovenel, em foto de 2018: “Não podemos deixar o país perder seu caminho”

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