Noruega

Em 22 de julho de 2011, o terror toma conta da Noruega

Naquela sexta-feira chuvosa, a tranquila nação escandinava viveu uma tragédia cometida por Anders Behring Breivik, um extremista de direita disfarçado de policial.

Agência France-Presse
postado em 22/07/2021 08:57 / atualizado em 22/07/2021 08:57
 (crédito: JONATHAN NACKSTRAND / AFP)
(crédito: JONATHAN NACKSTRAND / AFP)

Uma enorme bomba de fabricação caseira explode no coração de Oslo, depois os primeiros tiros de uma interminável caçada humana de 72 minutos na ilha de Utøya. Há 10 anos, em 22 de julho de 2011, a Noruega mergulhava no horror.

Naquela sexta-feira chuvosa, a tranquila nação escandinava viveu uma tragédia cometida por Anders Behring Breivik, um extremista de direita disfarçado de policial.

Às 15h25, uma van alugada carregada com 950 quilos de explosivos fabricados com fertilizantes foi detonada diante da torre que abriga o escritório do primeiro-ministro, o trabalhista Jens Stoltenberg, agora secretário-geral da Otan.

O ataque deixa oito mortos e dezenas de feridos. Felizmente, seu autor, Breivik, de 32 anos, atrasou-se em um engarrafamento e muitos funcionários já haviam deixado seus escritórios.

Stoltenberg estava em sua residência oficial, a cerca de dois quilômetros do escritório.

Sentado no veículo que estacionou longe do local para fugir, Breivik ouve no rádio que, ao contrário do que esperava, a torre de 17 andares não desabou.

Ele então decide ativar a segunda fase do plano.

Às 17h17, ainda vestido com seu uniforme falso, desembarca na ilha de Utøya, cerca de 40 quilômetros ao noroeste de Oslo, onde, como todos os anos, centenas de jovens trabalhistas se reúnem para seu acampamento de verão.

Logo depois de deixar a balsa "MS Thorbjørn", que serve de transporte no lago, mata a "matriarca" do acampamento, Monica Bosei, e um policial de folga encarregado da segurança do encontro.

Munido de um fuzil Ruger e uma pistola Glock semiautomáticos, ele percorre a ilha e caça os jovens desamparados, tentando ganhar confiança apresentando-se como um policial que veio protegê-los.

Na cantina, no alto de uma ladeira, 13 pessoas caem sob seus tiros. Outros dez morrem de mãos dadas no "caminho do amor" que corre ao longo da costa e 14 mais perto da bomba d'água.

O massacre dura 72 longos minutos: 189 cartuchos serão coletados.

Violência
Presos em uma ilha de 0,12 km2, muitos jovens pulam nas águas frias do lago para salvar suas vidas. Alertados pelos tiros, os ocupantes de um acampamento vizinho correm com seus barcos para socorrê-los e também são baleados.

"Vocês vão morrer, marxistas", grita o assassino, que havia consumido uma mistura energética de efedrina, cafeína e aspirina.

Por duas vezes ele liga para a polícia para oferecer a rendição. "Terminei minha operação e quero me render", diz.

Mas, após cada comunicação, o massacre continua. Ele atira em todos que aparecem e acaba com os feridos: 56 de suas 69 vítimas são encontradas com uma bala na cabeça.

Chegando por Oslo, e depois a bordo de um modesto barco inflável que, com sobrepeso, sofre um mau funcionamento, uma equipe especial de intervenção policial finalmente consegue desembarcar na ilha graças à ajuda de navegantes amadores.

Às 18h34, Breivik é preso sem oferecer resistência.

Dos 564 participantes do acampamento de verão, 67 morreram em consequência de tiros e dois de uma queda ou afogamento. Além disso, 33 foram feridos por tiros.

A maioria das vítimas tem menos de 20 anos: a mais nova tinha completado 14 apenas cinco dias antes.

Uma amostra do surto de violência: o corpo de um adolescente de 18 anos apresenta oito impactos de bala.

A Noruega acaba de passar pela pior tragédia de sua história do pós-guerra.

O objetivo declarado de Breivik é provocar o ataque mais espetacular possível, "um fogo de artifício" em suas próprias palavras, para chamar a atenção para seu "manifesto", um documento de 1.500 páginas detalhando sua ideologia anti-muçulmana.

Em reação, Stoltenberg pronunciará algumas palavras que permanecerão na história, prometendo "mais democracia, mais humanismo, mas nunca ingenuidade".

Em seu julgamento, Breivik reconhece os fatos, mas se declara inocente. Em 2012, é condenado a 21 anos de prisão, pena que pode ser prolongada por tempo indeterminado, desde que seja considerado uma ameaça à sociedade.

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