Líbano

Novo primeiro-ministro libanês inicia reuniões para formar governo

Depois de duas tentativas fracassadas, o presidente Michel Aoun nomeou na segunda-feira (26) um terceiro candidato para compor um governo, o milionário Najib Mikati.

Agência France-Presse
postado em 27/07/2021 10:54 / atualizado em 27/07/2021 10:56
 (crédito: DALATI AND NOHRA/ AFP PHOTO / HO / DALATI AND NOHRA
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O novo primeiro-ministro designado do Líbano, Najib Mikati, iniciou nesta terça-feira (27) consultas com os principais blocos parlamentares para formar um governo neste país afundado em múltiplas crises.

Em meio ao colapso econômico, o Líbano é administrado interinamente pelo governo de Hassan Diab, que renunciou em bloco após a devastadora explosão do porto de Beirute em agosto de 2020. A tragédia deixou mais de 200 mortos.

Essa paralisia institucional bloqueia um eventual plano de resgate financeiro para o Líbano. Em março de 2020, o país reconheceu não ser capaz de pagar sua dívida e, desde então, mergulhou em uma crise que, de acordo com o Banco Mundial, pode ser uma das piores desde 1850.

Depois de duas tentativas fracassadas, o presidente Michel Aoun nomeou na segunda-feira (26) um terceiro candidato para compor um governo, o milionário Najib Mikati. Ele já serviu duas vezes como primeiro-ministro.

Nesta terça-feira, Mikati se reuniu com os representantes dos principais partidos políticos, incluindo o poderoso movimento xiita Hezbollah e seu aliado, a Corrente Patriótica Livre (CPL), de Aoun, cristão.

Após a reunião, o deputado do Hezbollah Mohammad Raad declarou que seu partido estava pronto para "cooperar seriamente" com o primeiro-ministro designado.

Já a CPL "não participará do próximo gabinete, o que significa que não participaremos do processo de formação" do governo, declarou seu chefe e genro do presidente, Gebran Bassil.

Em entrevista ao jornal libanês An-Nahar, Mikati prometeu formar uma equipe "puramente técnica", longe de considerações políticas.

O atual governo interino também se define como "tecnocrático", mas cada um de seus membros é apoiado pelos barões políticos que controlam o país há décadas.

A nomeação de Mikati, o homem mais rico do Líbano e para muitos um símbolo de sua oligarquia corrupta, despertou ceticismo.

Em 2019, foi aberta uma investigação contra ele por "enriquecimento ilícito", enquanto o país vivia uma onda de protestos sem precedentes contra a classe dominante.

"Como posso confiar em um ladrão que me roubou e roubou o futuro dos meus filhos?", questionou Mohamad Dib, morador de Beirute, de 57 anos, na segunda-feira.

"Enquanto esta casta estiver no poder, nada mudará", acrescentou.

Ele é o terceiro primeiro-ministro nomeado desde o final de agosto de 2020, depois de Mustapha Adib e Saad Hariri, que renunciaram há poucos dias.

A comunidade internacional, especialmente a França, pede um governo que promova reformas econômicas e combata a corrupção para desbloquear um pacote de bilhões de dólares em ajuda ao país.

Na segunda-feira, Mikati garantiu que colocar esse plano em ação será uma das principais prioridades de seu governo.

Paris disse ter "tomado nota" da nomeação de Mikati, acrescentando que "a urgência agora é formar um governo competente e capaz de colocar em movimento as reformas indispensáveis para a reconstrução" do Líbano.

As reuniões desta terça com as diferentes bancadas parlamentares representam um primeiro procedimento oficial após a nomeação do novo primeiro-ministro, mas as verdadeiras negociações entre os partidos no poder ainda não começaram.

Se tiver sucesso onde seus antecessores falharam, Mikati deve liderar o país até as eleições legislativas marcadas para o próximo ano.

Em seus primeiros discursos, o primeiro-ministro abordou as quedas de energia que deixaram o país na escuridão e prejudicaram ainda mais uma economia em colapso.

O fornecimento de eletricidade no Líbano é de apenas algumas horas por dia. Sua reforma é um dos principais pedidos da comunidade internacional que, até agora, não viu quaisquer medidas solicitadas implementadas.

O fracasso do governo em entrar em negociações sérias com o Fundo Monetário Internacional (FMI) também dificulta o resgate financeiro de um Estado falido.

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