Quatro jornalistas afegãos, que voltavam de um distrito controlado pelo Talibã, foram detidos pelas forças de segurança afegãs, que os acusa de fazer propaganda para os insurgentes, anunciou o governo nesta terça-feira (27).
Os repórteres foram detidos nesta segunda-feira (26) em Kandahar, uma grande cidade no sul do Afeganistão, depois de visitarem o distrito de Spin Boldak, na fronteira com o Paquistão, que está nas mãos do Talibã desde 14 de julho.
De acordo com a imprensa local, eles foram até lá para investigar as alegações do governo de que os talibãs cometeram abusos contra civis naquele distrito nos últimos dias.
O Talibã negou categoricamente essas acusações.
"Qualquer forma de propaganda a favor dos terroristas e contra o interesse nacional do Afeganistão é um crime", disse Mirwais Stanikzai, porta-voz do Ministério do Interior afegão, em um comunicado.
“As forças de segurança estão investigando o assunto”, acrescentou.
Por sua vez, o instituto de defesa da mídia afegã, Nai, alegou que os jornalistas foram detidos por ordem do Serviço de Inteligência Afegão.
"Ainda não está claro o que aconteceu", explicou o Nai, observando que três dos jornalistas presos trabalhavam para Mellat Zhagh, uma estação de rádio local.
“Eles estão detidos há mais de 24 horas (...) suas famílias estão muito preocupadas”, acrescentou o instituto.
O Comitê para a Segurança de Jornalistas Afegãos, uma ONG, pediu ao governo que os libertasse imediatamente.
Vários jornalistas foram alvos de assassinatos seletivos, que as autoridades afegãs atribuíram ao Talibã, desde fevereiro de 2020, quando os insurgentes e os Estados Unidos assinaram um acordo que abriu caminho para a retirada permanente das tropas internacionais do país. Um processo que está para terminar.
O Afeganistão, um dos países mais perigosos para jornalistas, está classificado em 122º lugar entre 180 no último ranking da Repórteres Sem Fronteiras (RSF) sobre liberdade de imprensa, divulgado em maio.
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