Os Estados Unidos e a Rússia mantiveram uma rodada de negociações em Genebra nesta quarta-feira (28) para estabilizar as relações bilaterais, com progresso "substancial", disse o Departamento de Estado americano.
A reunião, que aconteceu a portas fechadas, começou nesta madrugada. As delegações foram lideradas pelo vice-ministro das Relações Exteriores da Rússia, Serguei Riabkov, e por sua homóloga do Departamento de Estado americano, Wendy Sherman.
"As discussões em Genebra foram profissionais e substanciais e ambas as delegações concordaram em se reunir novamente em sessão plenária no final de setembro", explicou Ned Price, porta-voz da diplomacia dos EUA.
Por sua vez, a diplomacia russa foi mais concisa e não mencionou que alguma reunião será realizada no final de setembro, mas se referiu a um "maior desenvolvimento da cooperação".
Consultas informais
Em qualquer caso, até a reunião de setembro, ambas as partes manterão consultas informais para determinar "quais questões os grupos de especialistas tratarão na segunda reunião", disse Price.
O diálogo estratégico foi aberto pelo presidente dos EUA, Joe Biden, e seu homólogo russo, Vladimir Putin, em 16 de junho, durante sua cúpula em Genebra.
“A reunião de hoje é o início deste diálogo com a Federação Russa. A delegação dos EUA discutiu as prioridades americanas, a situação de segurança atual, a percepção nacional de ameaças à estabilidade estratégica, as perspectivas sobre a questão do controle de armas e o formato das futuras sessões do diálogo estratégico", disse o porta-voz do Departamento de Estado.
"Uma discussão detalhada foi realizada sobre como ambos os lados abordam a manutenção da estabilidade estratégica, o controle de armas e os meios de reduzir os riscos", disse o Ministério das Relações Exteriores russo.
Ambas as partes reduziram as expectativas antes da reunião.
A este respeito, Serguei Riabkov afirmou na terça-feira que, com a reunião, a Rússia trata-se de determinar se os americanos "são sérios em sua vontade de estabelecer um diálogo centrado e enérgico sobre a estabilidade estratégica". E advertiu: "Eu não poria a lista das expectativas alto demais".
Tensões
O encontro aconteceu em um contexto de tensão. Os Estados Unidos ameaçaram agir, caso a Rússia não ponha fim à onda de ciberataques que, segundo Washington, têm origem, em grande parte, em seu território.
A Rússia, que nega qualquer envolvimento com estes ataques, acolheu favoravelmente os esforços de Biden para que as relações sejam mais previsíveis.
Na terça-feira (27), porém, em um discurso aos serviços de Inteligência, Biden acusou a Rússia de buscar interferir nas eleições de meio de mandato de 2022, quando serão eleitos congressistas, governadores e outros cargos locais.
"É uma violação pura e simples da nossa soberania", disse o presidente, para quem seu homólogo russo "tem um problema real, é o chefe de uma economia que tem armas nucleares e poços de petróleo e nada mais".
"Ele sabe que está com problemas e, na minha opinião, isso o torna ainda mais perigoso", completou.
Durante a cúpula de 16 de junho, os dois presidentes insistiram na necessidade de dialogar, já que, mesmo nos piores momentos da Guerra Fria, Moscou e Washington mantiveram contato para evitar uma escalada perigosa.
O pesquisador russo Andrey Baklitskiy, do Moscow State Institute of International Relations, acredita que a criação de grupos de trabalho será um indício interessante, pois mostrará as prioridades de ambas as partes e como o encontro transcorreu.
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