Europa

Reconstrução em meio às ameaças da covid

Atingidas por fortes chuvas, Alemanha e Bélgica intensificam a limpeza das áreas destruídas e seguem a busca por desaparecidos. Países também se juntam às outras nações que tentam conter o avanço da variante Delta

Após os temporais que castigaram a Europa causando mortes e um prejuízo de milhões de dólares, as regiões mais atingidas começam a reconstruir as áreas destruídas, enquanto os serviços de resgate tentam encontrar o paradeiro de dezenas de desaparecidos. Outra frente de concentração de esforços no continente mira a pandemia da covid-19. Países intensificam medidas restritivas para conter a propagação da variante Delta — a mutação mais infecciosa do Sars-CoV-2.

De acordo com o último balanço de vítimas fatais, divulgado ontem, a considerada catástrofe climática histórica provocou 165 mortes, sendo 24 na Bélgica e 141 na Alemanha, região que também registra centenas de feridos, concentrados, principalmente, nos estados ocidentais da Renânia-Palatinado e Renânia do Norte-Vestfália. Aos poucos, os moradores que saíram de casa às pressas estão voltando e encontrando um cenário desolador: paredes arrancadas pela correnteza, árvores caídas, veículos arrastados, estradas e pontes afundadas, além dos cortes de energia.

“Há 48 horas, vivemos um pesadelo. Damos voltas e voltas e não podemos fazer nada”, disse Cornelia Schlösser à Agência France-Presse (AFP) de notícias. A mulher se deparou com a destruição do negócio de sua família, uma padaria localizada na cidade alemã de Schuld. “Em questão de minutos, uma onda entrou na casa”, acrescentou. A região será visitada, hoje, pela chanceler Angela Merkel, segundo fontes oficiais do governo.

Autoridades policiais e de salvamento destacam que, nas áreas mais destruídas, é necessário drenar a água, avaliar os edifícios danificados, alguns dos quais terão de ser demolidos, restaurar a eletricidade, o gás e o telefone, além de abrigar quem perdeu tudo. Somam-se a esses prejuízos os danos nas redes de comunicação, que deixaram muitas pessoas inacessíveis, dificultando o trabalho de busca por desaparecidos. “Esperamos encontrar mais vítimas”, disse Carolin Weitzl, prefeita da cidade alemã de Erfstadt, perto de Colônia, onde um deslizamento de terra destruiu várias casas.

O primeiro-ministro da Holanda, Mark Rutte, ressaltou ontem que as destruições são “sem dúvida” consequências das alterações climáticas. O país não registrou mortos em razão das fortes chuvas. Previsões meteorológicas mostram que as tempestades devem diminuir, nos próximos dias, nas regiões mais afetadas da Alemanha e, também, na Bélgica, país com cerca de 20 desaparecidos.

Casos disparam
A variante Delta do Sars-CoV-2 é considerada outra ameaça pelos europeus. A Agência Europeia de Controle de Doenças (ECDC) prevê que o número de casos novos de infecção pode até quintuplicar até 1º de agosto. O mesmo crescimento não deve ser registrado nos casos de hospitalizações e mortes, avalia o órgão.

Governos tentam conter a propagação da cepa intensificando as restrições aplicadas a seus cidadãos e/ou endurecendo as regras de entrada em seus territórios. Na turística ilha de Mykonos, na Grécia, capital conhecida pelos eventos noturnos, as festas terminarão cedo após a imposição de um toque de recolher noturno entre 1h e 6h, o mesmo horário aplicado na cidade de Barcelona, na Espanha.

A França passou a exigir um teste negativo de covid-19 a todos os não vacinados procedentes de Reino Unido, Espanha, Portugal, Chipre, Grécia e Holanda, além de incluir em sua “lista vermelha” de países com risco pandêmico Cuba, Indonésia, Moçambique e Tunísia. Também será preciso apresentar um “passaporte sanitário”, provando ter sido vacinado ou testado negativo para a covid-19, para acessar shoppings, teatros, cinemas e transportes. A chanceler da Alemanha, Angela Merkel, descartou medidas nesse sentido, mas alertou que o relaxamento das medidas restritivas está vinculado à queda na taxa de infectados.

A Espanha registra um crescimento acelerado do número de casos, especialmente entre jovens que ainda não se vacinaram. As mortes, no entanto, continuam reduzidas graças aos altos índices de vacinação, comemorados ontem pelo chefe de governo. “Na próxima semana, um em cada dois espanhóis estará totalmente imunizado”, assinalou Pedro Sánchez, durante ato do Partido Socialista.

 

Brasileiros liberados

A França anunciou, ontem, que aceitará a entrada de turistas de qualquer país que estejam totalmente vacinados contra a covid-19 (duas doses ou dose única). Com essa medida, brasileiros podem entrar em território francês, mas precisam estar imunizados com um dos quatro imunizantes aprovados pela Agência Europeia de saúde: Moderna, Janssen, Pfizer e AstraZeneca. Segundo o Ministério do Interior da França, os visitantes com comprovante de vacinação estão liberados de apresentar testes PCR no embarque e na chegada do país.