O mundo superou os 200 milhões de casos de covid-19, conforme contagem da AFP desta quinta-feira (5), com base em balanços oficiais da pandemia, que volta a se espalhar com força em várias partes do planeta, em especial na Ásia e na Austrália.
As autoridades de Melbourne anunciaram o sexto confinamento para esta cidade, e Sydney registrou um número recorde de novos casos de covid-19, enquanto a Austrália tenta controlar a virulenta variante Delta do coronavírus.
Após o início da medida no estado de Victoria (sudeste), que tem Melbourne como capital, às 20h locais (7h no horário de Brasília), mais da metade da população de 25 milhões de habitantes da Austrália volta a estar confinada.
Na Tailândia, os necrotérios lotados de vítimas de covid-19 alugam contêineres refrigerados para armazenar os corpos, em meio à exaustão dos profissionais da saúde.
"A exaustão física e mental é muito alta (...) Alguns membros da nossa equipe desmaiam. Estamos no limite da nossa capacidade", desabafa Thanitchet Khetkham, funcionário do necrotério do Hospital da Universidade de Thammasat, ao norte de Bangcoc.
Nesta quinta-feira, foram registrados cerca de 21.000 novos casos, algo nunca visto desde o início da crise sanitária, e 160 mortes, a maioria em Bangcoc.
No Japão, Tóquio anunciou nesta quinta-feira um recorde de casos de covid-19 com mais de 5.000 infecções diárias. Diante desse quadro, o governo deve ampliar as restrições para oito departamentos japoneses adicionais, três dias antes do fim dos Jogos Olímpicos.
"As infecções se propagam a um ritmo nunca visto", afirmou o primeiro-ministro Yoshihide Suga.
Desde meados de junho, o mundo registrou um aumento de 68% no número de casos diários, que saltaram de 360.000 para mais de 600.000, principalmente por causa da propagação da variante Delta.
As mortes no mundo (no momento em 9.350 por dia) aumentaram 20% desde o início de julho, quando os números haviam caído para 7.800 óbitos diários.
No total, a pandemia do coronavírus deixou oficialmente pelo menos 4,25 milhões de mortos no mundo desde seu surgimento no final de 2019, de acordo com o balanço da AFP.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que o saldo real de vítimas possa ser duas, ou três, vezes maior.
EUA se abre, China se fecha
Os Estados Unidos, cujas fronteiras continuam fechadas para vários países, planejam reabri-las para as pessoas totalmente vacinadas, informou uma fonte da Casa Branca na quarta-feira (4).
Washington quer uma reabertura para cidadãos estrangeiros "de uma forma segura e sustentável", disse este funcionário, sem especificar datas.
Segundo ele, a abertura aconteceria em etapas e, salvo poucas exceções, para todos os estrangeiros "totalmente vacinados".
Em 26 de julho, Washington estabeleceu que manteria as restrições às chegadas do exterior, deixando de lado os apelos europeus.
Já a União Europeia voltou a autorizar, em junho, a entrada de pessoas procedentes dos Estados Unidos, exigindo a apresentação de certificados de vacinação, ou de teste negativo para covid-19. A mudança resultou da pressão de países altamente dependentes do turismo, como Grécia, Espanha e Itália, que temem outro ano de dificuldades.
Nesse sentido, a França anunciou nesta quinta-feira um dispositivo que permitirá aos turistas vacinados fora da UE obterem um passaporte sanitário, documento necessário para o ingresso em estabelecimentos de entretenimento e cultura e, em breve, em muitos outros lugares, como restaurantes, transportes públicos e hospitais.
Este passaporte é concedido a quem apresentar um teste negativo recente para covid-19, certificado de vacinação, ou certificado de recuperação, após ter contraído a doença.
Na contramão do movimento de abertura no Ocidente, a China anunciou o endurecimento das restrições para as viagens de seus cidadãos ao exterior. O gigante asiático também enfrenta um ressurgimento da pandemia.
Já os Estados Unidos rejeitaram, na quarta-feira, o apelo da OMS para uma moratória das doses de reforço, ao menos até o final de setembro. O governo americano considera que o país "não precisa" escolher entre aplicar uma terceira dose em seus cidadãos e doar vacinas para as nações pobres.
Nesta quinta, o presidente francês, Emmanuel Macron, confirmou que seu governo se prepara para organizar uma campanha de vacinação de reforço em setembro para "os idosos e as pessoas mais vulneráveis".
Desigualdades
A OMS considera que a moratória permitiria alcançar a vacinação de 10% da população mundial até o final de setembro.
"Precisamos mudar as coisas urgentemente para que a maioria das vacinas deixe de ir para os países ricos e vá para os países pobres", declarou seu diretor-geral, Tedros Adhanom Ghebreyesus.
O chefe da agência da ONU denuncia há meses a desigualdade que fez com que 80% das mais de 4 bilhões de doses injetadas no mundo fossem aplicadas nos países de renda alta, ou média, os quais representam menos de 50% da população mundial.
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