Afeganistão

Comissária dos direitos humanos da ONU pede fim dos combates no Afeganistão

A ex-presidente chilena afirmou que a tomada de várias cidades por parte dos talibãs "semeou medo e pavor", mas advertiu que a proliferação de milícias pró-governo também pode colocar civis em perigo.

Agência France-Presse
postado em 10/08/2021 08:41 / atualizado em 10/08/2021 08:41
 (crédito: FABRICE COFFRINI)
(crédito: FABRICE COFFRINI)

A alta comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, pediu nesta terça-feira (10) às diferentes partes em conflito no Afeganistão que encerrem os combates e, no casos dos talibãs, que ponham fim às suas operações militares nas cidades.

"As partes em conflito devem parar de lutar para evitar mais derramamento de sangue. Os talibãs devem pôr fim às operações militares nas cidades. A menos que todas as partes voltem à mesa de negociação e se alcance uma solução pacífica, a situação que já é atroz para tantos afegãos vai apenas piorar", declarou Bachelet, em um comunicado.

A ex-presidente chilena afirmou que a tomada de várias cidades por parte dos talibãs "semeou medo e pavor", mas advertiu que a proliferação de milícias pró-governo também pode colocar civis em perigo.

"Sabemos que a guerra urbana leva à morte de um grande número de civis. Já vimos isso, com demasiada frequência. No Afeganistão, desde 9 de julho, em apenas quatro cidades - Lashkar Gah, Kandahar, Herat e Kunduz - pelo menos 183 civis morreram, e 1.181 foram feridos, incluindo crianças", acrescentou, ressaltando que estes números são apenas aqueles que a ONU foi capaz de documentar.

A organização relata ainda que pelo menos 241.000 pessoas foram deslocadas desde o início da ofensiva talibã, em maio passado.

Em seu comunicado, a alta comissária também alerta que continuam surgindo "informações sobre violações que podem ser equiparadas a crimes de guerra e a crimes contra a humanidade".

Das áreas já capturadas pelos insurgentes, ou sob disputa, o escritório de Bachelet recebeu informes de execuções sumárias e ataques contra funcionários e ex-funcionários dos governos locais, assim como contra suas famílias.

Bachelet também mencionou as denúncias de destruição de casas, escolas e clínicas, advertindo sobre os primeiros sinais de que os talibãs estão impondo severas restrições aos direitos humanos nas localidades sob seu controle - especialmente contra as mulheres.

Diante desse quadro, Bachelet pediu a todos os países que usem sua influência "para acalmar a situação e reativar o processo de paz".

Na segunda-feira (9), o Departamento de Estado americano informou que o negociador dos Estados Unidos no Afeganistão, Zalmay Khalilzad, "pressionará os talibãs a interromperem sua ofensiva militar", durante as negociações a serem retomadas esta semana em Doha.

"Khalilzad estará em Doha para ajudar a formular uma resposta internacional conjunta à rápida deterioração da situação no Afeganistão", acrescentou o Departamento de Estado americano em um comunicado.

"O aumento do ritmo do envolvimento militar dos talibãs, as baixas civis resultantes do conflito armado entre as partes e as supostas atrocidades contra os direitos humanos são de grande preocupação", afirma o comunicado.

"Uma paz negociada é a única maneira de acabar com a guerra", completa a nota da diplomacia americana.

Os combates no Afeganistão se intensificaram dramaticamente desde maio, quando a coalizão militar liderada pelos Estados Unidos iniciou a etapa final da retirada das tropas. A saída está prevista para ser concluída até o final do mês.

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