Politica

Sucessão de Merkel é cercada de incertezas na Alemanha

As autoridades desse estado estão no centro das atenções há semanas, acusadas de não terem alertado a população a tempo, apesar dos avisos dos serviços de meteorologia

Agência France-Presse
postado em 11/08/2021 11:52 / atualizado em 11/08/2021 11:52
 (crédito: Tobias SCHWARZ / AFP)
(crédito: Tobias SCHWARZ / AFP)

Armin Laschet, considerado o sucessor de Angela Merkel e até agora favorito para as eleições alemãs de setembro, começou sua campanha nesta quarta-feira (11/8) com as pesquisas mostrando uma alarmante queda de sua popularidade, o que aumenta a incerteza nas eleições.

O líder conservador iniciou, em um centro de boxe para jovens de Frankfurt, sua maratona de encontros com o olhar voltado para as legislativas de 26 de setembro, após as quais a chanceler Merkel deixará o poder.

No entanto, embora o candidato pretenda enviar, com essa visita, uma mensagem de que está disposto a "lutar", o efeito pode ser limitado.

"Pesquisa surpreendente!", dizia nesta quarta-feira o jornal Bild, o mais lido da Alemanha, sobre uma pesquisa realizada pelo instituto Forsa para a rede RTL, que credita 23% dos votos aos conservadores. Isso significa 13 pontos a menos do que tinham no início do ano, quando há apenas algumas semanas apresentavam cerca de 30% dos sufrágios.

Agora, Laschet está próximo dos ambientalistas (20% nas intenções de voto) e, inclusive, dos socialdemocratas do SPD, que conseguiram subir várias posições nas pesquisas, apesar de estarem em declínio durante muito tempo, alcançando 19% sob a liderança de Olaf Scholz, atual ministro das Finanças, que está usando com sucesso a carta da "concorrência".

Inundações 


Armin Laschet está sendo castigado pela sua gestão das inundações na Alemanha em julho, já que o político conservador também governa uma das duas regiões mais afetadas pela catástrofe, Renânia do Norte-Vestfália.

As autoridades desse estado estão no centro das atenções há semanas, acusadas de não terem alertado a população a tempo, apesar dos avisos dos serviços de meteorologia.

Em uma visita recente a sua região, Laschet foi inclusive agredido por alguns dos moradores, que se queixaram da lentidão das ajudas públicas quando perderam tudo.

Também ficaram indignados com as imagens em que ele aparecia com uma atitude alegre junto ao chefe de Estado, durante uma visita deste último a sua região para homenagear as dezenas de vítimas das enchentes. Uma gafe que o obrigou a pedir desculpas publicamente e pela qual foi muito criticado.

Laschet "está atolado na lama na campanha eleitoral", considerou a revista Der Spiegel, fazendo alusão aos terrenos devastados pelas enchentes.

O candidato também tem dificuldades em gerar unanimidade em seu próprio lado, que o elegeu após primárias muito disputadas contra seu adversário bávaro Markus Söder, muito mais popular nas pesquisas de opinião.

Por último, Laschet também foi acusado de plágio por um livro que publicou há pouco tempo. É acusado de ter usado, sem citar, contribuições de um cientista político, um discurso de um responsável da comunidade judaica e até mesmo artigos da Wikipedia.

- Disputa aberta -
Até agora, sua rival ambientalista, Annalena Baerbock, era quem havia sido afetada por esses tipos de acusações. Estas, somadas a outras falhas e a um início de campanha fraco, provocaram uma queda dos Verdes nas pesquisas, apesar de na primavera (boreal) terem liderado as intenções de voto.

Faltam apenas seis semanas para as legislativas e o giro que a situação tomou faz com que a posição do candidato de direita seja a mais incerta.

Os conservadores de Merkel, apesar de estarem na liderança, estão imersos em uma espiral negativa e nada garante que poderão conservar a chancelaria.

Diante deste panorama, os socialdemocratas esfregam suas mãos.

"A disputa está aberta", proclamou nesta quarta-feira um líder do SPD, Lars Klingbeil. "Baerbock comete graves erros, Armin Laschet comete graves erros e as pessoas se perguntam quem tem a seriedade necessária para dirigir o país. É neste ponto que queremos convencer" o eleitorado, acrescentou.

Independente do que acontecer, a formação de uma coalizão governamental após as eleições já se apresenta como um autêntico quebra-cabeça, com várias combinações possíveis, na ausência de um partido que fique muito à frente dos outros.

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