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Crise no Afeganistão: o que é o Isis-K, possível autor de ataque em aeroporto e outras atrocidades

Braço regional do Estado Islâmico é o mais violento e extremo de todos os grupos militantes jihadistas

BBC
Frank Gardner - Repórter de segurança da BBC
postado em 26/08/2021 22:03

O Isis-K, sigla em inglês para Estado Islâmico da Província de Khorasan, é um braço regional do Estado Islâmico (conhecido também pela sigla Isis) que atua no Afeganistão e no Paquistão.

É o mais violento e extremo de todos os grupos militantes jihadistas (que promovem a chamada "guerra santa" muçulmana; entenda) no Afeganistão.

Este braço regional foi criado em janeiro de 2015 no auge do poder do Estado Islâmico no Iraque e na Síria, antes que seu autodeclarado califado no Oriente Médio fosse derrotado e desmantelado por uma coalizão liderada pelos Estados Unidos.

Analistas acreditam que este grupo extremista possa ser o autor de atentados a bomba no aeroporto de Cabul, Afeganistão, nesta quinta-feira (26/8). Os ataques foram condenados pelo Talebã, grupo fundamentalista islâmico que assumiu o poder no Afeganistão em meados de agosto.

O Isis-K recruta jihadistas afegãos e paquistaneses, especialmente desertores do Talebã que não consideram sua própria organização extrema o suficiente.

Quão extremo é o extremo?

O Isis-K foi responsabilizado por algumas das piores atrocidades dos últimos anos na região, tendo como alvo escolas femininas, hospitais e até uma maternidade.

Ao contrário do Talebã, cujo interesse está mais restrito ao Afeganistão, o Isis-K faz parte da rede global do Estado Islâmico que busca realizar ataques contra alvos identificados como ocidentais e humanitários.

Salão de festas destruído
AFP
Militantes do Estado Islâmico foram responsabilizados por uma série de ataques no Afeganistão — como este em um salão de festas de casamento em Cabul, no ano de 2019

Onde eles estão localizados?

O Isis-K está baseado na província de Nangarhar, no leste, perto das rotas de tráfico de pessoas e drogas para o Paquistão, logo do outro lado da fronteira.

Em seu auge, o grupo contava com cerca de 3.000 combatentes — mas sofreu baixas significativas em confrontos com forças de segurança dos EUA, do Afeganistão e com o Talebã.

O Isis-K tem alguma ligação com o Talebã?

Lateralmente, sim, por meio de uma terceira organização — a rede Haqqani, intimamente ligada ao Talebã. Um sinal desta relação é o sobrenome do homem encarregado pela segurança de Cabul hoje, Khalil Haqqani, líder da rede.

Sajjan Gohel, pesquisador da Fundação Ásia-Pacífico, monitora as redes militantes no Afeganistão há anos.

Ele diz que "vários ataques importantes entre 2019 e 2021 envolveram a colaboração entre a Isis-K, a rede Haqqani e o Talebã, além de outros grupos terroristas baseados no Paquistão".

Quando o Talebã tomou Cabul em 15 de agosto, o grupo libertou um grande número de detentos da prisão de Pul-e-Charki — de acordo com alguns relatos, alguns deles eram militantes do Estado Islâmico e da Al-Qaeda. Essas pessoas estão agora à solta.

Mas o Isis-K também tem diferenças em relação ao Talebã, acusando-o de abandonar a Jihad e o campo de batalha em favor de um acordo de paz negociado em "hotéis chiques" de Doha, no Catar.

Os militantes do Estado Islâmico agora representam um grande desafio na segurança para o próximo governo do Talebã, algo que a liderança deste grupo tem em comum com as agências de inteligência ocidentais.


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