O ex-líder da extrema-direita austríaca Heinz-Christian Strache foi condenado nesta sexta-feira (27) pelo tribunal de Viena a uma sentença de 15 meses de prisão, mas com suspensão condicional da pena, em um caso de corrupção vinculado ao escândalo Ibizagate - anunciou a juíza Claudia Moravec-Loidolt.
Heinz-Christian Strache, que rejeita as acusações, foi condenado por ter favorecido uma clínica particular em troca de 10.000 euros destinados a seu partido e de um período de férias na Grécia.
"A cronologia dos fatos não deixa espaço para dúvidas", disse a juíza Claudia Moravec-Loidolt, depois do julgamento.
"Os benefícios recebidos são irrefutáveis", havia argumentado um pouco antes o promotor Bernhard Weratschnig, sob o olhar atento do réu, de 52 anos.
"Cada euro é um euro a mais", disse, destacando que os titulares de cargos públicos devem estar acima de qualquer suspeita.
Durante os debates, que ocorreram por quatro dias no início de julho antes de serem retomados nesta semana, Strache negou sistematicamente qualquer irregularidade.
"Nunca recebi favores em minha vida. Agi por convicção", afirmou.
O ex-presidente do poderoso Partido da Liberdade (FPÖ) e vice-chanceler do governo austríaco viu seu destino mudar em maio de 2019, quando a imprensa vazou um vídeo filmado dois anos antes em Ibiza, Espanha. Nele, Strache aparecia oferecendo contratos públicos para uma mulher, que se fez passar pela sobrinha de um oligarca russo, em troca de apoio eleitoral.
Gravado com uma câmera escondida, o vídeo provocou uma crise política, o fim da aliança entre o FPÖ e o partido conservador do chanceler Sebastian Kurz e eleições legislativas antecipadas.
No campo judicial, o episódio levou ao início de investigações exaustivas contra vários funcionários influentes.
Foi nesse contexto que confiscaram o celular de Strache e que os investigadores descobriram mensagens de texto comprometedoras.
Segundo a Promotoria, Strache interveio para modificar a lei, com o objetivo de que uma clínica privada estivesse vinculada à previdência social. A legislação seria alterada quando a extrema-direita chegasse ao poder, o que permitiria que o estabelecimento se beneficiasse de verba pública.
O chefe desta clínica, Walter Grubmuller, convidou o político para uma viagem à Grécia e pagou 10.000 euros a seu partido. Ele também foi condenado nesta sexta-feira, com uma sentença de 12 meses de prisão, com possibilidade de suspensão da pena.
Esse é "um crime grave, não é bobagem", disse a Promotoria.
Durante o julgamento, foi revelada uma segunda doação ao FPÖ de 2.000 euros (US$ 2.350).
Heinz-Christian Strache nega ter viajado para Corfu (oeste) depois de se tornar vice-chanceler e afirma que não tinha conhecimento prévio desses pagamentos.
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