O Conselho de Segurança das Nações Unidas adotou nesta segunda-feira (30) uma resolução na qual pede aos talibãs que cumpram suas promessas de permitir que afegãos e estrangeiros saiam de forma "segura" do Afeganistão, mas sem citar a zona protegida mencionada pela França.
Treze dos 15 membros votaram a favor deste texto, elaborado por Estados Unidos, França e Reino Unido, enquanto China e Rússia se abstiveram.
A resolução, à qual a AFP teve acesso, diz que o Conselho "espera" que o Talibã permita uma "saída segura e ordenada do Afeganistão aos afegãos e a todos os estrangeiros".
O texto se refere a uma declaração dos talibãs em 27 de agosto, na qual os radicais islâmicos disseram que os afegãos poderiam viajar para o exterior e deixar o Afeganistão a qualquer momento que quisessem, inclusive de qualquer porto de fronteira, tanto aéreo quanto terrestre.
O Conselho de Segurança "espera que o Talibã cumpra esses e todos os outros compromissos", afirma a resolução.
O texto, entretanto, não faz nenhuma referência à "zona segura", ou zona protegida, mencionada pelo presidente francês Emmanuel Macron. No domingo, o presidente havia declarado que Paris e Londres pediriam à ONU a criação de uma "zona segura" em Cabul para permitir a continuação das "operações humanitárias".
Questionados sobre isso nesta segunda-feira, diplomatas da ONU disseram que não se trata de uma "área protegida" em si, mas sim de responsabilizar os talibãs por seu compromisso de permitir a "passagem segura" de qualquer pessoa com credenciais para sair do país.
"Esta resolução não é operacional, ela trata principalmente de princípios, mensagens políticas-chave e advertências", afirmou um dos diplomatas a jornalistas.
- China e Rússia levantam objeções -
A China, que assim como a Rússia se absteve, disse que a situação atual é "consequência direta da retirada precipitada e desordenada" das forças ocidentais.
A Rússia, por sua vez, lamentou que os autores da resolução não levassem em consideração as reservas de Moscou sobre a "fuga de cérebros" causada pela saída de afegãos que trabalhavam com outros países, ou com o colapsado governo pró-ocidental anterior.
Também alertou sobre "os efeitos nocivos" do congelamento dos ativos financeiros do Afeganistão decidido pelo Ocidente depois que os talibãs tomaram o poder.
Segundo analistas, a redação da resolução foi diluída para garantir que China e Rússia não usassem seu poder de veto para bloqueá-la, suavizando parte da linguagem relacionada ao Talibã.
"Este é um texto bastante leve", opinou Richard Gowan, especialista em ONU da organização internacional Crisis Group. "Macron se equivocou ao exagerar a ideia de uma zona segura no aeroporto de Cabul neste fim de semana, ou pelo menos não a comunicou com muita clareza", afirmou ele à AFP.
De acordo com a resolução, o Conselho de Segurança "reafirma", por outro lado, a importância do "respeito pelos direitos humanos, incluindo os das mulheres, das crianças e das minorias", e "incentiva" o estabelecimento de uma solução política inclusiva "com uma participação significativa" das mulheres.
Também "exige" que o território afegão não seja usado para "ameaçar ou atacar" outros países ou para abrigar "terroristas".
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© Agence France-Presse
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