Afeganistão

Resolução da ONU pede a talibãs garantias para saídas do Afeganistão

O Conselho de Segurança das Nações Unidas adotou uma resolução na qual pede aos talibãs que cumpram suas promessas de permitir que pessoas saiam de forma "segura" do Afeganistão

Agence France-Presse
postado em 30/08/2021 18:33 / atualizado em 30/08/2021 18:34
 (crédito: Aamir QURESHI / AFP)
(crédito: Aamir QURESHI / AFP)

O Conselho de Segurança das Nações Unidas adotou nesta segunda-feira (30) uma resolução na qual pede aos talibãs que cumpram suas promessas de permitir que afegãos e estrangeiros saiam de forma "segura" do Afeganistão, mas sem citar a zona protegida mencionada pela França.


Treze dos 15 membros votaram a favor deste texto, elaborado por Estados Unidos, França e Reino Unido, enquanto China e Rússia se abstiveram.


A resolução, à qual a AFP teve acesso, diz que o Conselho "espera" que o Talibã permita uma "saída segura e ordenada do Afeganistão aos afegãos e a todos os estrangeiros".


O texto se refere a uma declaração dos talibãs em 27 de agosto, na qual os radicais islâmicos disseram que os afegãos poderiam viajar para o exterior e deixar o Afeganistão a qualquer momento que quisessem, inclusive de qualquer porto de fronteira, tanto aéreo quanto terrestre.


O Conselho de Segurança "espera que o Talibã cumpra esses e todos os outros compromissos", afirma a resolução.


O texto, entretanto, não faz nenhuma referência à "zona segura", ou zona protegida, mencionada pelo presidente francês Emmanuel Macron. No domingo, o presidente havia declarado que Paris e Londres pediriam à ONU a criação de uma "zona segura" em Cabul para permitir a continuação das "operações humanitárias".


Questionados sobre isso nesta segunda-feira, diplomatas da ONU disseram que não se trata de uma "área protegida" em si, mas sim de responsabilizar os talibãs por seu compromisso de permitir a "passagem segura" de qualquer pessoa com credenciais para sair do país.


"Esta resolução não é operacional, ela trata principalmente de princípios, mensagens políticas-chave e advertências", afirmou um dos diplomatas a jornalistas.

 

- China e Rússia levantam objeções -
A China, que assim como a Rússia se absteve, disse que a situação atual é "consequência direta da retirada precipitada e desordenada" das forças ocidentais.


A Rússia, por sua vez, lamentou que os autores da resolução não levassem em consideração as reservas de Moscou sobre a "fuga de cérebros" causada pela saída de afegãos que trabalhavam com outros países, ou com o colapsado governo pró-ocidental anterior.


Também alertou sobre "os efeitos nocivos" do congelamento dos ativos financeiros do Afeganistão decidido pelo Ocidente depois que os talibãs tomaram o poder.


Segundo analistas, a redação da resolução foi diluída para garantir que China e Rússia não usassem seu poder de veto para bloqueá-la, suavizando parte da linguagem relacionada ao Talibã.


"Este é um texto bastante leve", opinou Richard Gowan, especialista em ONU da organização internacional Crisis Group. "Macron se equivocou ao exagerar a ideia de uma zona segura no aeroporto de Cabul neste fim de semana, ou pelo menos não a comunicou com muita clareza", afirmou ele à AFP.


De acordo com a resolução, o Conselho de Segurança "reafirma", por outro lado, a importância do "respeito pelos direitos humanos, incluindo os das mulheres, das crianças e das minorias", e "incentiva" o estabelecimento de uma solução política inclusiva "com uma participação significativa" das mulheres.


Também "exige" que o território afegão não seja usado para "ameaçar ou atacar" outros países ou para abrigar "terroristas".


 

 

 

© Agence France-Presse

 

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