A imagem do presidente da Guiné, Alpha Condé, cercado por soldados e transtornado, ganhou as redes sociais. “Decidimos, depois de prender o presidente, (...) suprimir a Constituição, dissolver as instituições e o governo, assim como fechar fronteiras terrestres e aéreas”, declarou um dos golpistas, integrante das forças de elite do país da África ocidental, em nota nas redes sociais. O Ministério da Defesa de Guiné assegurou que o golpe teria sido evitado. No fim da tarde, os militares golpistas decretaram toque de recolher.
Morador de Conakry, o jornalista Emmanuel Millimono contou ao Correio que disparos de armas automáticas começaram a ecoar pela capital às 7h de ontem (4h em Brasília). “Nós escutamos tiros vindos até de dentro do Palácio Presidencial de Sekhouhoureah. Primeiro, o grupo das forças especiais do Exército exigiu a libertação de seu comandante, capturado a mando do presidente. A situação é tensa desde o fim da eleição, em outubro de 2020. Foi a terceira candidatura de Condé. A oposição contestou a mudança constitucional, e o resultado do pleito acabou rejeitado pela oposição”, comentou.
Segundo Millimono, o clima em Conakry — cidade de 2 milhões de habitantes — é de apreensão. “Algumas pessoas temem por suas vidas, especialmente as que vivem perto do palácio.” O jornalista explicou que Condé tomou decisões polêmicas. “As mais contestadas foram os aumentos no preço dos combustíveis e de 36% no orçamento da Presidência. Isso em um contexto econômico e sanitário complicado”, observou.
Millimono explicou que a nota do Ministério da Defesa foi divulgada antes da consolidação do golpe. O jornalista Thierno Maadjou Bah, 34, confirmou à reportagem que Doumbouya assumiu o poder, dissolveu o Parlamento, suspendeu a Constituição e anunciou uma consulta nacional para uma transição pacífica. “No momento, é difícil fazermos um balanço de mortos. Outras unidades do Exército se uniram às forças especiais”, disse. (RC)
Forças Especiais da Guiné/Divulgação
O presidente Alpha Condé, após ser preso por militares: 11 anos no poder
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