Horas após o golpe em Guiné, o comandante das forças especiais, tenente-coronel Mamady Dumbuya, tentou, ontem, tranquilizar a população e os investidores estrangeiros, garantindo que respeitará os contratos econômicos e de mineração e evitará qualquer “caça às bruxas”. No domingo, militares liderados por Dumbuya capturaram o presidente Alpha Condé e proclamaram a dissolução do governo e das instituições. Também revogaram a Constituição, promulgada por Condé no ano passado e utilizada por ele para disputar, logo em seguida, o terceiro mandato, apesar de meses de protestos.
Sem dar detalhes, Dumbuya prometeu um “governo de união nacional” para conduzir uma “transição política”. À frente do comitê que agora comanda o país — expressivo produtor de bauxita e minerais —, ele assegurou que cumprirá todas as obrigações e convênios e que continuará “promovendo os investimentos estrangeiros”.
Vestido com uniforme militar, o comandante intimou, ontem de manhã, os ex-ministros e presidentes das principais instituições de Guiné para uma reunião no Palácio do Povo, a sede do Parlamento. Dumbuya exigiu que todos entregassem seus documentos de viagem e veículos de função. Mas garantiu que “não haverá espírito de ódio ou vingança (...) não haverá caça às bruxas”.
Crise
O golpe de Estado foi anunciado após meses de grave crise econômica e política no país de 12 milhões de habitantes, localizado no oeste da África. No poder desde 2010, Condé estava cada vez mais isolado. Ontem, como no domingo, foram muitos os que aplaudiram o cortejo de veículos militares.
Foi o terceiro golpe de Estado na região da África subsaariana no período de um ano, depois do Mali, ainda em 2020, e do Chade, há menos de cinco meses.
Comemorado em vários pontos da capital, Jamena, o golpe recebeu ampla condenação no plano internacional. Do secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Antonio Guterres, à União Africana, passando pela Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) e a União Europeia, a ação militar foi repudiada.
O governo dos Estados Unidos também criticou o golpe e advertiu que poderia “limitar” a capacidade americana de ajudar Guiné.
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