A União Europeia (UE) advertiu, nesta sexta-feira (10), que as disposições pós-Brexit relativas à Irlanda do Norte não devem ser renegociadas, algo reivindicado pelo governo britânico, mas se declarou aberta a "soluções práticas" para os problemas possam surgir.
Para evitar a reimposição de uma fronteira entre a Irlanda do Norte e a República da Irlanda, o protocolo norte-irlandês negociado no âmbito do Brexit, cria uma fronteira aduaneira entre a província britânica - que segue integrada ao mercado único europeu - e a ilha da Grã-Bretanha.
Acusado de atrapalhar o abastecimento do território, o texto tem grande rejeição por parte da comunidade unionista, que defende a permanência da província no Reino Unido.
Depois de tê-lo assinado, o governo britânico considera agora que não pode ser aplicado e pede que volte a ser negociado.
"Uma renegociação do protocolo [...] significaria instabilidade, incerteza e imprevisibilidade na Irlanda do Norte", considerou o vice-presidente da Comissão Europeia, Maros Sefcovic, em discurso nesta sexta-feira, em Belfast.
Em seu pronunciamento, ele lembrou que foram necessários cinco anos para se alcançar o acordo.
"O protocolo não é o problema. Pelo contrário, é a única solução", frisou.
Diante das tensões políticas na Irlanda do Norte e dos riscos de agravamento das dificuldades de abastecimento, o governo britânico adiou, por tempo indeterminado, a entrada em vigor de alguns controles sobre as mercadorias procedentes do Reino Unido. O início da vigência estava previsto para julho.
Após uma visita de vários dias à Irlanda do Norte, Maros Sefcovic disse esperar que se encontre "soluções práticas" para que o protocolo seja implementado e, assim, facilitar as entregas de medicamentos.
O porta-voz do primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, reiterou que o governo quer obter "mudanças importantes para viabilizar [o protocolo] no futuro". Nesse sentido, completou, o governo continua negociando com Bruxelas.
O protocolo acentuou as tensões na província britânica. Na quinta-feira (9), Jeffrey Donaldson, presidente do DUP, principal partido unionista, ameaçou romper o governo de união com os republicanos, se não houver "mudanças significativas" nas próximas semanas.
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