OBITUÁRIO

Jorge Sampaio, ex-presidente de Portugal, 81 anos

Correio Braziliense
postado em 10/09/2021 21:30 / atualizado em 10/09/2021 21:30
 (crédito: EITAN ABRAMOVICH)
(crédito: EITAN ABRAMOVICH)

O ex-presidente português Jorge Sampaio, um socialista que também ocupou vários cargos na Organização das Nações Unidas (ONU), faleceu na madrugada de ontem, em Lisboa, aos 81 anos. O funeral do ex-chefe de Estado ocorrerá amanhã, informou o governo. “Jorge Sampaio nos deixou hoje (sexta-feira) com uma dupla herança, composta de liberdade, mas também de igualdade”, disse o presidente da República, o conservador Marcelo Rebelo de Sousa. “Sempre foi um exemplo”, disse o primeiro-ministro Antonio Costa, ao elogiar a “retidão moral” do ex-chefe de Estado. O governo socialista decretou três dias de luto nacional a partir de hoje, acrescentou Costa.
Secretário-geral do Partido Socialista, prefeito de Lisboa e depois chefe de Estado entre 1996 e 2006, Sampaio sofria de graves problemas cardíacos e estava hospitalizado desde o fim de agosto. Nascido em Lisboa em 1939, em uma família de recursos, entrou para a política durante seus estudos de direito, quando liderou as greves universitárias de 1962 contra a ditadura de António Salazar (1932-1968). Assim que se tornou advogado, defendeu vários presos políticos. Em 1978, quatro anos depois da Revolução dos Cravos que pôs fim à ditadura, Sampaio se filiou ao Partido Socialista fundado por Mário Soares (1986-1996), seu antecessor na presidência.
Foi deputado durante muitos anos e, em 1989, tornou-se secretário-geral do partido. Neste mesmo ano, foi eleito prefeito de Lisboa com o apoio dos comunistas. Derrotado nas eleições legislativas de 1991, venceu, no entanto, a disputa presidencial de 1996 no primeiro turno. Superou Aníbal Cavaco Silva, que depois lhe sucedeu na presidência (2006-2016). Quando terminou seu segundo mandato como chefe de Estado, Sampaio, então com 66 anos, tornou-se enviado especial de uma iniciativa da ONU contra a tuberculose.
Embaixador de Portugal no Brasil, Luís Faro Ramos lamentou a “enorme perda” para o seu país. “O presidente Jorge Sampaio era uma pessoa fantástica, de personalidade ímpar, um ser humano único. Na minha carreira profissional, encontrei com ele por várias vezes. Quando eu era embaixador da Tunísia, entre 2012 e 2015, o presidente Jorge Sampaio desempenhava o cargo de Alto Representante das Nações Unidas para a Aliança das Civilizações. Nós nos reunimos por várias vezes, em Túnis”, contou o diplomata ao Correio.
Em nota publicada ontem à noite, o Ministério das Relações Exteriores brasileiro afirmou que o governo brasileiro tomou conhecimento, “com profundo pesar”, do falecimento de Sampaio. “No período em que exerceu a Presidência do Itamaraty, o Dr. Jorge Sampaio trabalhou com afinco para fortalecer os vínculos históricos entre nossos dois povos irmãos. Sua atuação em favor da integração do mundo lusófono foi instrumental para a criação da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa”, afirma o texto do Itamaraty. “O governo brasileiro transmite ao governo e ao povo de Portugal as suas mais sinceras condolências.”

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“O presidente Jorge Sampaio era uma personalidade ímpar e faz, naturalmente, parte da história de Portugal democrático, ao ter sido chefe de Estado por uma década. Ele certamente será lembrado com muito carinho e muita estima por todos nós, portugueses. Também me encontrei com ele na qualidade de presidente do Instituto Camões, em Lisboa. Em 12 de setembro de 2019, ele participou de umas tertúlias (palestras literárias) que organizávamos, chamadas de ‘Camões dá o que falar’. Presidente vitalício da Plataforma Global para Refugiados Sírios, Jorge Sampaio foi ao nosso instituto para abordar a criação de vagas para estudantes refugiados no ensino superior.”

Luís Faro Ramos, embaixador de Portugal no Brasil

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