Eleições

Califórnia: conservadores prometem menos impostos e mais liberdades

O estado mais populoso dos Estados Unidos vai às urnas nesta terça-feira (14/9) para decidir se revoga o mandato de seu governador

Agência France-Presse
postado em 13/09/2021 12:49 / atualizado em 13/09/2021 12:50
 (crédito: Apu GOMES  AFP)
(crédito: Apu GOMES AFP)

Impostos excessivos, uma elite desconectada da população e o risco de perder liberdades individuais são os temas que dominam a campanha dos candidatos conservadores tentam chegar ao governo do progressista estado da Califórnia.

O estado mais populoso dos Estados Unidos vai às urnas nesta terça-feira (14/9) para decidir se revoga o mandato de seu governador, o democrata Gavin Newsom, e, em caso positivo, quem deve ocupar seu lugar.

"O maior desafio para a Califórnia em geral é a intrusão do governo", diz Larry Elder, o radialista que desponta como favorito nas pesquisas e que conta com o apoio da maioria dos eleitores republicanos para assumir as rédeas do estado, caso Newsom perca o mandato.

"Sou um libertário com 'L' minúsculo", afirma este afro-americano, de 69 anos, advogado de profissão e provocador de ofício.

Elder nasceu em um bairro pobre do sul de Los Angeles. Há mais de 20 anos, tornou-se uma importante figura do rádio entre os círculos ultraconservadores, devido aos seus argumentos populistas e, mais recentemente, por seu apoio incondicional a Donald Trump.

Seu programa de campanha se parece com seus editoriais e vai direção contrária do que muitos políticos na Califórnia defendem. Ele é contra o salário mínimo, os benefícios sociais, não vê com bons olhos o sistema público de saúde e defende a livre-concorrência. Também combate a ação afirmativa, apesar de ter-se beneficiado dela por meio de um programa que ajudava minorias a ingressarem na faculdade.

Referindo-se a um estudo em 2000, Elder chegou a escrever em uma revista que "as mulheres sabem menos do que os homens sobre assuntos políticos, econômicos e atuais".

"Ordens de cima" 


Sua força de convicção e sua personalidade conquistaram muitos eleitores cansados do impacto da covid-19 na saúde e na economia. Também são pessoas que aprecia o fato de ele não pertencer ao que consideram como "a elite política".

"Não quero, de jeito algum, fazer parte de uma elite de políticos que recebem suas ordens de cima, perdendo o contato com a realidade do povo", disse Lynn Frank, de 67, à AFP.

"Acho que ele tem soluções reais para problemas como o precário sistema educacional, o alto custo de vida, a falta de água, os destrutivos incêndios florestais, o aumento da criminalidade e da falta de moradia e as medidas abusivas que impõem o uso de máscara e vacinação", comentou Amy Olsen, de 43.

Para muitos apoiadores da consulta (ou "recall"), os democratas - Newsom, principalmente - são responsáveis por todos os males que assolam a Califórnia, ainda mais desde o início da pandemia.

"Newsom é responsável pelo confinamento mais rígido imposto nos Estados Unidos. Esses confinamentos obrigaram as pequenas empresas a fecharem para sempre", acrescenta Olsen.

A mesma toada é repetida pelos cerca de 30 candidatos conservadores na disputa, com versos mais ou menos extremistas e carregados de religião, sobre o preço da gasolina, a livre-concorrência, a família, o pátria, entre outros temas e pontos.

Nenhum deles atinge, porém, o tamanho do republicano Arnold Schwarznegger, que conquistou o governo da Califórnia em um referendo parecido, em 2003.

Sem corrida do ouro


Com cerca de 5% das intenções de votos, o ex-prefeito republicano de San Diego Kevin Faulconer promete "o maior corte de impostos da história da Califórnia para a classe média".

Ícone transgênero e integrante do clã Kardashian, Caitlyn Jenner (1% nas pesquisas) aposta, como muitos outros candidatos, em destacar o fim do "sonho americano" e estimular a nostalgia por uma Califórnia "onde tudo era possível", segundo ela.

O próprio Larry Elder afirma estar travando "uma batalha pela alma da Califórnia", enquanto o candidato Ted Gaines lamenta que "a Califórnia simplesmente não possa ter uma febre do ouro hoje, (já que) o governo a sufocaria imediatamente" com regulações e impostos.

"Em vez de se adaptarem à nova realidade, os republicanos regrediram para uma Califórnia mítica do passado, que nunca existiu de verdade", analisa o estrategista republicano Mike Madrid, no jornal Los Angeles Times.

Madrid não acredita que tenham sucesso neste referendo: "Eles se veem como a última resistência".

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