Mudança climática

Jovens em greve de fome na Alemanha pela 'catástrofe' climática

Os manifestantes, em sua maioria com idade entre 18 e 27 anos, acreditam que são "a última geração" que ainda pode agir

Agência France-Presse
postado em 15/09/2021 11:52 / atualizado em 15/09/2021 11:53
 (crédito: CHRISTOPHE SIMON / POOL / AFP)
(crédito: CHRISTOPHE SIMON / POOL / AFP)

No epicentro do poder alemão, entre os prédios do Parlamento e a chancelaria em Berlim, alguns jovens acampam desde o final de agosto com uma mensagem contundente: "A crise climática mata, estamos em greve de fome por tempo indeterminado".

A duas semanas das eleições gerais na Alemanha, os seis ativistas pedem uma reunião com os três principais candidatos a suceder a chanceler Angela Merkel: o conservador Armin Laschet, o social-democrata Olaf Scholz e a ambientalista Annalena Baerbock.

Os três partidos colocaram a política climática como um assunto principal em suas campanhas. Os Verdes defendem inclusive colocar a neutralidade do carbono como prioridade máxima do próximo governo.

Mas para os ativistas isso é insuficiente.

Nenhum partido está preparado "para tomar as medidas necessárias para proteger a geração jovem da catástrofe", afirma Jacob Heinze.

A greve de fome é "o último recurso (...) diante da gravidade extrema da nossa situação", disse o jovem de 27 anos, após duas semanas sem comer.

"A última geração"


Para encontrar provas, segundo os jovens, basta olhar para as devastadoras inundações que destruíram o oeste da Alemanha em julho e que os especialistas vincularam diretamente à mudança climática.

O aquecimento global também provocará fome, por isso a ideia de uma greve de fome voluntária.

"A segurança alimentar não é algo que podemos tomar como certo. Estamos nos dirigindo a guerras pela distribuição de comida, água ou terras", disse Heinze.

Esses estudantes, de entre 18 e 27 anos e que vêm de toda a Alemanha, acreditam que são "a última geração" que ainda pode agir.

Depois, afirmam, a ciência mostra que as dramáticas consequências da mudança climática serão irreversíveis.

Na opinião de Hannah Luebbert, uma ativista de 20 anos que está na equipe de assistência, a desobediência civil de movimentos como Extinction Rebellion ou Fridays for Future não chega longe o suficiente. Esses grupos escalam prédios políticos ou se prendem com correntes nas ruas para bloquear o trânsito.

"Vimos que esses tipos de ação não levaram nenhuma mudança" a nível político, disse Luebbert.

No dia seguinte da entrevista com a AFP, Jacob Heinze teve que ser levado ao hospital, mas retornou ao acampamento algumas horas depois e retomou sua greve de fome, segundo Hannah Lübbert.

No 15º dia de greve, os ativistas decidiram redobrar a aposta, abandonando as bebidas vitamínicas que tomavam até agora.

"Estamos notando os efeitos e a próxima semana vai ser realmente difícil", disse Henning Jeschke, uma ativista que publicou vários vídeos de seu protesto no Twitter.

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação