O favorito das eleições legislativas na Alemanha, o social-democrata Olaf Scholz, compareceu a uma sessão parlamentar nesta segunda-feira (20), poucos dias antes da votação, por um caso de lavagem de dinheiro que envolve o Ministério das Finanças, dirigido por ele.
Na reta final da campanha, o candidato do partido social-democrata SPD deve explicar ao Comitê de Finanças do Bundestag por que funcionários de seu ministério não transmitiram à Justiça informações sobre uma operação de suposta de lavagem de dinheiro.
Os deputados aguardavam a declaração do ministro por videoconferência, devido à sua lotada agenda de campanha, mas Scholz surpreendeu os 30 integrantes da comissão e compareceu pessoalmente.
Nas eleições legislativas de domingo, Scholz aparece como favorito com 25% das intenções de voto. Atrás deles, estão os conservadores da CDU/CSU de Angela Merkel, agora sob a liderança do impopular Armin Laschet, com pouco mais de 20%, e o Partido Verde (15%), liderado por Annalena Baerbock.
O gesto de Scholz não acalmou os ânimos dos deputados. Tanto a oposição quanto seus parceiros de governo da CDU/CSU acusaram-no de fracassar na luta contra a lavagem de dinheiro.
O parlamentar do CSU Hans Michelbach evocou "um fracasso em uma ampla frente".
Representante da social-democracia na comissão, Jens Zimmermann acusou seus adversários políticos de fazerem do caso um "espantalho" para prejudicar o favorito nas pesquisas.
Pagamentos na África
O ponto de partida desta investigação, em 2020, foi a "declaração de atividades suspeitas de um banco (...) a respeito de pagamentos na África por um valor superior a um milhão de euros (em torno de US$ 1,17 milhão)".
A Central de Investigação de Operações Financeiras (UIF), vinculada ao Ministério das Finanças, não encaminhou esse relatório às autoridades judiciárias, o que impediu a "cessação desses pagamentos", segundo a Promotoria.
Essa transação "tinha como pano de fundo o tráfico de armas e drogas, bem como o financiamento do terrorismo", disse o banco em seu relatório.
Recentemente, o Promotoria solicitou uma operação de busca e apreensão nos ministérios das Finanças e da Justiça para "verificar se e, se necessário, em que medida a administração e os responsáveis dos ministérios (...) estiveram envolvidos nas decisões da UIF".
De imediato, a oposição parlamentar convocou Scholz para dar explicações.
"É justo que Olaf Scholz responda ao Comitê de Finanças (...) antes das eleições", disse a deputada dos Verdes Lisa Paus à AFP, observando que "é a última chance de recuperar a credibilidade perdida".
Scholz criticou os modos dos investigadores e deu a entender que é vítima de um complô político.
Diante da ameaça de derrota histórica, os conservadores da CDU também querem capitalizar a questão para atacar seu ainda parceiro de coalizão.
"Quando a Promotoria revista um ministério, a reação apropriada é dizer 'vamos ajudar a Justiça', e não denunciar os complôs de forma 'populista'", criticou o candidato conservador Armin Laschet.
O ministério de Scholz já foi criticado no ano passado por negligenciar sua vigilância na falência da empresa Wirecard, o maior escândalo financeiro desde a guerra no país.
Em junho de 2020, esta empresa de pagamentos online reconheceu que não tinha 1,9 bilhão de euros (US$ 2,2 bilhões) registrados nas suas contas.
Em seguida, Scholz também enfrentou perguntas incisivas dos deputados durante uma comissão especial de inquérito.
Esse caso levou o Executivo a apresentar uma reforma no início do ano para dar mais poderes ao Bafin, o órgão regulador financeiro alemão.
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