Vaticano

"Estou vivo, embora alguns me quisessem morto", brinca o papa

O líder da Igreja Católica permaneceu 11 dias internado no Hospital Gemelli, em Roma, em julho do ano passado

Agência France-Presse
postado em 21/09/2021 12:04 / atualizado em 21/09/2021 12:04
 (crédito: Tiziana FABI / AFP)
(crédito: Tiziana FABI / AFP)

O papa Francisco brincou com um grupo de jesuítas sobre os boatos a respeito de seu estado de saúde, após a operação do cólon a que foi submetido em julho, e com um tom divertido afirmou: "Estou vivo, embora alguns me quisessem morto".

O pontífice argentino, de 84 anos, pronunciou as palavras durante uma reunião a portas fechadas com os jesuítas da Eslováquia durante sua recente viagem ao país, informa a edição desta terça-feira (21) da revista desta congregação, a "Civiltá Cattolica".

"Ainda estou vivo, embora alguns me quisessem morto. Sei que houve, inclusive, reuniões entre prelados, que pensavam que o papa estava em condição mais grave do que dizia. Preparavam o conclave. Paciência! Graças a Deus, estou bem", disse ele aos 53 eslovacos que integram a congregação.

Em 4 de julho passado, Francisco foi submetido à primeira cirurgia importante desde que foi eleito pontífice em 2013. Já programada, a operação foi realizada com anestesia geral para extirpar uma parte do cólon. O líder da Igreja Católica permaneceu 11 dias internado no Hospital Gemelli, em Roma.

"A operação foi uma decisão que não queria tomar: foi um enfermeiro que me convenceu. Às vezes, os enfermeiros compreendem a situação de maneira melhor que os médicos, porque estão em contato direto com os pacientes", afirmou.

O papa respondeu a várias questões relacionadas aos problemas e às divisões dentro da Igreja Católica, assim como aos ataques que recebe de setores ultraconservadores por suas aberturas aos fenômenos da sociedade moderna.

"Há uma grande rede de televisão católica que fala continuamente mal do papa sem problema algum. Pode ser que eu mereça, pessoalmente, os ataques e insultos, porque sou um pecador, mas a Igreja não merece isto: é obra do diabo. Inclusive já disse a alguns deles", afirmou.

"Também há clérigos que fazem comentários desagradáveis sobre mim. Às vezes, perco a paciência, especialmente quando emitem julgamento sem entrar em um diálogo verdadeiro. Aí não posso fazer nada. Da minha parte, sigo adiante, sem entrar em seu mundo de ideias e fantasias", confessou.

Durante a conversa, Francisco também falou sobre as críticas a seu pontificado por concentrar a atenção nos temas sociais.

"Alguns me acusam de não falar da santidade. Dizem que falo sempre da questão social e que sou um comunista. E, no entanto, escrevi uma Exortação Apostólica completa sobre a santidade", afirmou, em tom mais sério.

Durante o encontro, o papa também explicou as razões que o levaram a limitar a missa em latim, defendida pelos tradicionalistas.

"Minha decisão é fruto de uma consulta com todos os bispos do mundo feita no ano passado. A partir de agora, quem deseja celebrar com o 'vetus ordo' deve pedir permissão a Roma, como acontece com o birritualismo", declarou.

"Eu sigo adiante, não porque desejo fazer a revolução. Faço o que sinto que devo fazer. É necessário ter muita paciência, oração e caridade", concluiu.

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