A União Europeia (UE) saiu, ontem, em defesa da França contra a Austrália e os Estados Unidos na crise dos submarinos. O bloco vê o incidente como um “sinal de alerta” para que as nações da Europa reforcem sua coesão e sua autonomia. De acordo com a agência France-Presse (AFP), toda a UE reagiu, se esconder sua indignação ante o anúncio de uma nova aliança militar — Aukus, entre Estados Unidos, Reino Unido e Austrália — sem que Bruxelas tenha sido informada.
Em Nova York, onde ocorre a Assembleia Geral da ONU, o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, teve uma reunião com o primeiro-ministro da Austrália, Scott Morrison. “Uma conversa franca, direta e viva sobre o Aukus. A clareza é necessária entre amigos. O diálogo é essencial para construirmos associações fortes”, escreveu Michel no Twitter. Por sua vez, o ministro das Relações Exteriores da Alemanha, Heiko Maas, criticou o ocorrido. “O que foi decidido, e a forma como foi decidido, foi irritante e decepcionante, não só para a França”, disse.
A frustração da França foi monumental. Paris chegou a convocar seus embaixadores nos Estados Unidos e na Austrália para consultas, depois do anúncio da aliança Aukus, destinada a contra-atacar a China. Como consequência direta do novo acordo, a Austrália rompeu com um contrato bilionário com a França para a compra de submarinos e optou, em vez disso, por submarinos americanos de propulsão nuclear.
O presidente francês, Emmanuel Macron, conversará sobre essa questão nos próximos dias com o homólogo norte-americano Joe Biden, mas falou por telefone com o premiê da Índia, Narendra Modi, com quem se comprometeu a “agir em conjunto” para promover a estabilidade na região do Indo-Pacífico, rejeitando “hegemonia”.
“Entendo muito bem a decepção de nossos aliados franceses. É um sinal de alerta a todos nós na UE”, disse o ministro alemão para Assuntos Europeus, Michael Roth, em Bruxelas. Roth acrescentou que os Estados do bloco europeu “devem se perguntar como fortalecer a soberania”. “Devemos nos perguntar como podemos mostrar mais união nas questões de política externa e de segurança.”
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