Laschet perde o apoio de aliados

Correio Braziliense
postado em 28/09/2021 20:41
 (crédito: Ina Fassbender/AFP)
(crédito: Ina Fassbender/AFP)

Dois dias após a derrota nas urnas, agravou-se o isolamento da União Democrata-Cristã (CDU), de Angela Merkel. É cada vez maior a pressão ao redor de Armin Laschet, o líder do partido conservador, que não desistiu do cargo de chanceler apesar dos fracos resultados eleitorais, que perdeu, ontem, o apoio de seus principais aliados e companheiros na coalizão que disputou as eleições legislativas do último domingo.
Desde a vitória do Partido Social-Democrata (SPD), Laschet tem sido alvo de críticas e pedidos de renúncia de seu próprio partido. Agora, o líder da União Social Cristã (CSU), da Markus Söder, praticamente anunciou o desembarque, ao declarar que Olaf Scholz, da SPD, “tem mais possibilidades de se tornar chanceler neste momento, claramente”.
Para o ministro-presidente da Bavária, uma coalizão entre os social-democratas, os verdes e os liberais do FDP é a “primeira solução óbvia”. Ainda no início do ano, Söder tinha ambições de concorrer à chancelaria antes de se ver forçado a se retirar em favor do menos popular Laschet. Ele assinalou que “nenhum mandato para governar pode ser moralmente legitimado com base no resultado eleitoral” obtido pelos conservadores, o pior desde 1949.
Laschet, que tem fama de conseguir sobreviver a crises, planejava tentar construir uma coalizão com os verdes e os liberais. No entanto, sem a colaboração do partido bávaro, esse cenário não parece mais possível.

Realinhamento

Ontem, ao fim da primeira reunião dos deputados conservadores, o líder do grupo parlamentar foi reeleito por apenas seis meses, em vez de um ano como de costume. Isso foi interpretado como um sinal de que a bancada está antecipando sua passagem para a oposição e uma reorganização de suas equipes.
Desde domingo, Armin Laschet tem visto suas tropas se voltarem contra ele. Michael Kretschmer, ministro-presidente da Saxônia, iniciou as hostilidades. “Os eleitores afirmaram de maneira clara que a CDU não é a primeira opção. Agir como se nada tivesse acontecido nos levaria à ruína”, advertiu o governante do território que integrava a ex-Alemanha Oriental.
A rebelião interna obrigou Laschet a fazer promessas. Sob pressão, ele admitiu que a CDU, um dos partidos mais antigos da Europa, no poder durante os últimos 16 anos, precisa de “renovação” em todos os níveis. Seu discurso sobre a futura coalizão também mudou um pouco. “Nenhum partido tem um mandato claro para formar o governo”, disse a respeito tanto do CDU como do SPD.
Isso foi insuficiente para estancar a crise. O veterano líder do estado de Hesse, Volker Bouffier, abandonou o pupilo ao reconhecer que a união conservadora não pode pretender assumir a responsabilidade do governo. Os deputados da base exigiram a renúncia do líder conservador. “Eu gostaria de uma tomada de consciência. Perdeu, demonstre discernimento, evite mais danos à CDU e renuncie”, afirmou a jovem deputada Ellen Demuth, da região de Renânia-Palatinado.

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