Depois de três dias de silêncio, a chanceler alemã, Angela Merkel, parabenizou Olaf Scholz, líder do Partido Social-Democrata (SPD) pelo “sucesso” nas eleições legislativas de domingo, durante breve pronunciamento. Armin Laschet, sucessor de Merkel no comando da União Democrata-Cristã (CDU) e candidato derrotado no pleito, também felicitou o adversário, revelaram fontes anônimas à agência France-Presse. Scholz parece cada vez mais perto de construir uma coalizão de governo com os Verdes e com o Partido Democrático Liberal (FDP) e de se tornar o próximo chanceler.
Diretor do Departamento de Governo Comparativo da Universidade de Mannheim (centro-oeste da Alemanha), Marc Debus explicou ao Correio que, apesar de não significarem muito em termos de formação de coalizões, as felicitações de Merkel e de Laschet a Scholz apontam que o SPD é o claro vencedor das eleições do último domingo. “Por meio de pesquisas, sabemos que o partido mais forte no Bundestag (Parlamento) tem chances maiores de se tornarem parte do próximo governo e de liderarem o novo gabinete”, afirmou. “A coalizão CDU/CSU (de Merkel) é, claramente, a derrotada. Agora, trata-se da segunda força do Bundestag. É bastante provável que a CDU escolha novo chefe do partido, caso Laschet fracasse em montar uma coalizão com os democratas liberais e com os Verdes.”
Colega de Debus na Universidade de Mannheim, o também cientista político Rüdiger Schmitt-Beck disse à reportagem que, apesar do aceno simbólico de Laschet e das felicitações de Merkel, o FDP manteve um diálogo inicial com os Verdes e enfatizou que um governo comandado pela CDU/CSU está em sua preferência. “No sábado, os liberais pretendem conversar com a coalizão de Laschet e de Merkel. Não está claro quando buscarão contato com os social-democratas. A situação é obscura. Declarações como estas podem fortalecer a posição de partido para o processo vindouro. Mas, em suma, não existe uma direção clara. Minha intuição aponta para um governo do SPD, mas provavelmente serão necessárias semanas até que as opções para a formação de governo realmente comecem”, comentou.
Prioridade
Para Schmitt-Beck, o posicionamento de Merkel não tem significado profundo pelo fato de ela não estar envolvida na formação do próximo governo. “É difícil dizer o motivo pelo qual Markus Söder (líder da CSU) parabenizou Scholz. Talvez por um senso de justiça, talvez por sua rivalidade com Laschet. Söder opinou que o SPD deveria ter a prioridade na composição do governo, mas não cabe a ele tal decisão. Tudo depende do FDP e dos Verdes; sua agenda latente pode ser disputar a chancelaria contra Scholz, em 2025”, observou. Ele não descarta negociações trilaterais entre os possíveis parceiros de coalizão. (RC)
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