Estados Unidos

Biden eleva o tom e chama republicanos de "imprudentes e perigosos"

Segundo o chefe da Casa Branca, a obstrução ao aumento do limite da dívida americana pode empurrar o país "para um abismo"

Correio Braziliense
postado em 05/10/2021 06:00
Em momento delicado, Joe Biden enfrenta problemas também com parte dos democratas, que se nega a apoiar pacotes social e de infraestrutura -  (crédito: Nicholas Kamm/AFP)
Em momento delicado, Joe Biden enfrenta problemas também com parte dos democratas, que se nega a apoiar pacotes social e de infraestrutura - (crédito: Nicholas Kamm/AFP)

No inicio de uma semana que se apresenta como decisiva para seu governo, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, elevou o tom em relação aos republicanos por conta da obstrução ao aumento do limite da dívida americana. O democrata chamou de “imprudentes e perigosos” os opositores pela recusa a apoiar a iniciativa e evitar a inadimplência da maior economia do mundo. Numa fase especialmente complicada, Biden também enfrenta uma contenda no próprio partido para aprovar os trilionários planos de infraestrutura e de reformas sociais.

Biden passou o fim de semana descansando, em sua casa em Delaware, antes de mergulhar em negociações desse que já é considerado o período mais pesado de seus oito meses e meio de administração. De um lado, ele enfrenta a determinação dos republicanos que buscam recuperar o controle do Congresso nas eleições legislativas de meio de mandato do próximo ano. De outro, tenta persuadir os democratas para que respaldem os principais programas de seu governo.

Com o discurso de ontem na Casa Branca, carregado de fortes críticas aos republicanos, e uma viagem a Michigan, hoje, o veterano político, de 78 anos, espera retomar as iniciativas.

O legado de Joe Biden depende, em grande parte, do plano de renovação de infraestrutura de US$ 1,2 trilhão e do programa de gastos sociais que pode chegar a cerca de US$ 2 trilhões, segundo as estimativas. Porém, o país agora enfrenta a ameaça de uma moratória sobre sua dívida.

Abismo

No pronunciamento de ontem, Biden enfatizou que a conduta dos republicanos pode empurrar “nossa economia para um abismo”. O presidente assinalou que não pode “garantir” que o país impeça um default a partir do dia 18. “Se eu pudesse, impediria”, disse.

A secretária do Tesouro, Janet Yellen, alertou que, a partir dessa data, os Estados Unidos não terão os fundos necessários para cumprir suas obrigações se o Congresso não agir. Embora esse teto da dívida tenha sido elevado ou suspenso dezenas de vezes nas últimas décadas, com os votos de ambos os partidos no Congresso, este ano os republicanos se recusam a aprovar o incremento.

Os republicanos do Senado querem forçar os democratas a recorrer a uma complexa manobra legislativa para aprovar mais dívidas apenas com seus votos, o que deixaria o partido no poder como único responsável pelo aumento do passivo do país.

Os democratas querem evitar isso e acusam seus rivais de tomarem como refém as finanças dos Estados Unidos, que tem a melhor classificação de crédito (AAA). Assim, os correligionários de Biden, que controlam o Senado por apenas um voto, tentam solucionar a situação da dívida ao mesmo tempo em que buscam superar as divergências internas sobre a agenda de reformas do presidente.

Ontem, o líder da maioria democrata no Senado, Chuck Schumer, indicou que um aumento no teto da dívida deveria ser votado até o fim da semana. “Não podemos nos dar ao luxo de esperar até 18 de outubro, pois é nossa responsabilidade garantir ao mundo que os Estados Unidos cumpram suas obrigações a tempo”, defendeu.

Enquanto aguarda a resolução das tensões entre partidos, Biden se vale de toda sua experiência de quase quatro décadas no Congresso e oito anos como vice-presidente de Barack Obama para tentar chegar a uma fórmula que una os setores de esquerda e de centro que coexistem em sua formação.

Com a visita de hoje a Sua a um centro sindical de treinamento em Howell, Michigan, ele pretende mostrar aos democratas que os planos de gastos da Casa Branca são populares entre os eleitores.
Os moderados da Câmara de Representantes e, sobretudo, do Senado, onde a paridade de votos entre os dois partidos é extrema, negam-se a apoiar a ideia da ala de esquerda, que quer aprovar cerca de US$ 3,5 trilhões para o programa de gastos sociais. Enquanto isso, esses últimos não aceitam a contraoferta do centro de US$ 1,5 trilhão.

Biden, agora, está promovendo uma iniciativa que totaliza cerca de US$ 2 trilhões. O problema é que os dois lados democratas decidiram jogar duro. Os progressistas se recusam até mesmo a endossar o pacote de infraestrutura do presidente se suas ambições na questão social não forem garantidas antes de uma votação.

No domingo, Chuck Schumer disse que sua meta é “ter as duas leis prontas no próximo mês”, acrescentando um novo prazo a um intenso momento legislativo para Biden.

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