Confirmado pelo Parlamento do Japão como novo primeiro-ministro do país, o moderado Fumio Kishida prometeu, em seu primeiro discurso, adotar medidas para estimular o crescimento e combater a desigualdade. Também anunciou a antecipação das eleições gerais, que seriam realizadas em novembro, para o próximo dia 31. O gabinete de Kishida terá veteranos e caras novas, mas, segundo analistas, o governo será de continuidade.
Integrante de uma família política de Hiroshima, o novo premiê recebeu 311 votos na Câmara Baixa do Parlamento, contra 124 para o principal líder da oposição, Yukio Edano. O Senado escolheu o novo primeiro-ministro com 141 votos — o adversário recebeu 65.
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, parabenizou o novo primeiro-ministro, assinalando que a “aliança histórica” entre os dois países continuará. O líder americano classificou a parceria como “a pedra angular da paz, segurança e prosperidade no Indo-Pacífico e no mundo”.
A eleição de Kishida, 64 anos, aconteceu depois que Yoshihide Suga, que apresentou sua renúncia ontem, anunciou que não disputaria novamente o posto de líder do Partido Liberal Democrático (PLD). Suga passou apenas um ano no cargo. A popularidade de seu governo caiu muito durante os meses de luta para conter as ondas de contágios da covid-19, incluindo um foco recorde durante os Jogos Olímpicos de Tóquio, em julho.
Desafios
No pronunciamento inaugural, Kishida enfatizou sua “determinação e resolução firme” para enfrentar os muitos desafios que o esperam. Entre as missões figuram tentar conduzir a economia no período pós-pandemia e lidar coma as ameaças militares da Coreia do Norte e China.
Em relação às eleições, analistas preveem que o partido do governo e seus sócios na coalizão devem manter o poder, mas podem perder algumas cadeiras no Parlamento devido ao descontentamento geral com a resposta do governo à crise sanitária.
Em uma coletiva de imprensa, Kishida disse que o enfrentamento à covid-19 continuará sendo a “primeira prioridade”. Declarando-se como “o novo apóstolo do capitalismo”, ele também prometeu medidas para estimular o crescimento e melhorar a distribuição das riquezas.
Com 21 intgrantes e idade média de 61,8 anos, o novo governo representa uma certa continuidade com o gabinete de Suga, sob a influência das duas grandes correntes do PLD: a liderada pelo ex-primeiro-ministro Shinzo Abe e a do ex-ministro das Finanças Taro Aso. O apoio dos deputados dessas duas alas foi decisivo para a vitória de Kishida nas eleições internas do partido na semana passada.
O novo ministro das Finanças, Shunichi Suzuki, é cunhado de Taro Aso e integra sua ala dentro do PLD. Toshimitsu Motegi permanecerá à frente da diplomacia nipônica, assim como Nobuo Kishi continuará no comando do Ministério da Defesa. Kishi é o irmão mais novo de Shinzo Abe. Hirokazu Matsuno, ex-ministro e membro da ala de Abe, foi nomeado para o cargo crucial de secretário-geral do governo.
Apenas três mulheres entraram para o governo, incluindo Seiko Noda, que ficou em quarto lugar nas eleições internas do PLD. Ela vai comandar a luta contra a baixa natalidade e as desigualdades entre homens e mulheres.
O gabinete também tem novidades, como a criação do Ministério da Segurança Econômica, um reflexo da preocupação das autoridades japonesas com a concorrência tecnológica chinesa.
Notícias pelo celular
Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.
Dê a sua opinião
O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.