PANDEMIA

Reino Unido tira Brasil da 'lista vermelha' e volta a permitir viagens; confira regras

Brasileiros 'totalmente vacinados' vão poder entrar no país sem necessidade de se isolar em hotel por 10 dias pagando mais de 2 mil libras (cerca de R$ 15 mil), mas imunizados com CoronaVac são exceção

BBC
BBC Geral
postado em 07/10/2021 15:54 / atualizado em 07/10/2021 16:00
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O governo britânico anunciou, nesta quinta-feira (7/10), que o Brasil deixará a chamada "lista vermelha", o grupo de países contra os quais pesam as maiores restrições de viagem por causa da pandemia de covid-19.

A principal delas é a obrigatoriedade de permanecer em isolamento em um hotel por 10 dias a um custo de mais de 2 mil libras (R$ 17 mil). Agora, com o anúncio, viajantes vindos do Brasil — independentemente da nacionalidade — não vão precisar mais cumprir essa exigência.

A nova regra vale a partir de 4h (hora local) da próxima segunda-feira (11/10).

Mas algumas restrições continuam em vigor e elas vão depender de se o viajante foi "totalmente vacinado" ou não e qual vacina tomou (leia mais abaixo).

O número de países da lista vermelha foi reduzido de 54 para sete. Brasil, México e África do Sul estão entre os que deixaram a lista.

Por outro lado, Panamá, Colômbia, Venezuela, Peru, Equador, Haiti e República Dominicana permanecem na lista vermelha.

Londres, na Inglaterra, sempre foi um dos destinos turísticos mais procurados por brasileiros que viajam à Europa.

O secretário de Transportes do Reino Unido (cargo equivalente a ministro), Grant Shapps, disse que as mudanças "marcam o próximo passo" na abertura das viagens.

O anúncio é visto como um impulso para a indústria aérea e famílias separadas durante a pandemia.

O Brasil e a África do Sul foram as duas nações que enfrentaram as restrições de covid mais duras do Reino Unido por mais tempo, já que ambas foram colocadas na lista vermelha em janeiro devido ao temor de que as variantes gamma e beta, descobertas nos dois países, respectivamente, fossem mais resistentes às vacinas.

Bolsões da variante beta surgiram no Reino Unido. Mas foi a delta, identificada na Índia, que mais se alastrou em solo britânico, superando às demais variantes devido à sua alta transmissibilidade.

Até o anúncio desta quinta-feira, o Reino Unido proibia a entrada de cidadãos vindos de países da lista vermelha que não tivessem cidadania britânica ou irlandesa ou direitos de moradia no país.

Ou seja, turistas brasileiros, mesmo aqueles com dupla cidadania europeia, não podiam viajar diretamente para o Reino Unido.

Na prática, contudo, essa jornada já não era possível uma vez que os voos diretos entre Brasil e Reino Unido estavam suspensos.

Ilustração de pessoas com máscara e bandeira do Brasil
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Brasileiros estavam impedidos de entrar no Reino Unido

Sendo assim, até agora, para os brasileiros que vivem no Reino Unido ou mesmo que queriam visitar o país, restava fazer escalas em outros países europeus — no primeiro caso, muitos optaram por permanecer nesses locais por mais de dez dias a fim de driblar as regras de isolamento em hotéis.

O anúncio desta quinta-feira é particularmente significativo pois se trata da maior flexibilização das restrições na fronteira britânica desde que o terceiro lockdown começou, há nove meses.

Também se insere num conjunto maior de mudança das regras, que vêm sendo relaxadas: recentemente, o governo britânico simplificou o sistema que classifica os países em vermelho, âmbar ou verde.

Agora existe apenas uma lista vermelha e todos os outros países que não aparecem nela são tratados da mesma forma — caso do Brasil de agora em diante.

Mas existem regras diferentes para aqueles que estão totalmente vacinados e aqueles que não estão — uma tentativa, em parte, de encorajar as pessoas a receberem as duas doses.

O que muda, então?

Se você é cidadão brasileiro e está vindo para a Inglaterra, não será mais obrigado a fazer quarentena de dez dias em um hotel a um custo de 2.285 libras (R$ 17 mil) a partir das 4h (hora local) da próxima segunda-feira (11/10).

Mas isso não quer dizer que sua entrada no país estará isenta de restrições.

Tudo dependerá se você foi ou não "totalmente vacinado" e qual vacina você tomou.

1) Se você está "totalmente vacinado"

Antes de viajar para a Inglaterra, você deve:

• reservar e pagar por um teste para covid-19 no 2º dia — a ser feito após a chegada na Inglaterra

• preencher um formulário de localização de passageiros — a ser preenchido 48 horas antes de você chegar à Inglaterra

Você precisará inserir seu número de referência de reserva de teste para covid-19 no formulário de localização de passageiros.

Atenção: o governo britânico entende por "duplamente vacinado" quem tomou o curso completo de uma vacina aprovada no Reino Unido, no programa de vacinação do Reino Unido no exterior ou em uma lista de países e territórios, na qual agora o Brasil está incluído.

Portanto, para ser considerado "totalmente vacinado", você deve ter recebido um curso completo de uma das seguintes vacinas pelo menos 14 dias antes de chegar à Inglaterra:

Oxford / AstraZeneca

Pfizer BioNTech

Moderna

Janssen

No caso das vacinas acima, o curso completo significa duas doses, com exceção da Janssen (a imunização é feita apenas com uma dose).

Vale lembrar que o dia em que você tomou a última dose não conta como um dos 14 dias.

Formulações dessas vacinas, como AstraZeneca Covishield, AstraZeneca Vaxzevria e Moderna Takeda, também se qualificam como vacinas aprovadas.

Portanto, brasileiros que receberam a vacina da AstraZeneca fabricada na Índia (AstraZeneca Covishield) são considerados "totalmente vacinados" pelo Reino Unido.

Agora, mesmo que você tenha sido totalmente vacinado com uma das vacinas acima, vai precisar provar o status de vacinação.

Ele deve ser emitido por uma autoridade de saúde pública nacional ou estadual, estar em inglês, francês ou espanhol e incluir, no mínimo:

• seu nome e sobrenome (s)

• sua data de nascimento

• marca e fabricante da vacina

• data de vacinação para cada dose

• país ou território de vacinação e / ou emissor do certificado

A CoronaVac, vacina mais prevalente no Brasil, não está na lista dos imunizantes aprovados pelo Reino Unido.

Isso quer dizer que quem tiver completado o curso de vacinação com a vacina chinesa não é considerado "totalmente vacinado" pelo governo britânico e precisará cumprir as mesmas regras de quem não foi totalmente vacinado.

E se você não puder provar que se qualifica como "totalmente vacinado", também deve seguir as regras para pessoas que não foram totalmente vacinadas.

2) Se você não está "totalmente vacinado"

Você ainda pode viajar para a Inglaterra se não se qualificar como "totalmente vacinado", mas deve seguir regras diferentes.

Nesse caso, antes de viajar para a Inglaterra, você deve:

• fazer um teste covid-19 — a ser feito nos 3 dias antes de viajar para a Inglaterra

• reservar e pagar os testes covid-19 do dia 2 e 8 — a serem realizados após a chegada à Inglaterra

• preencher um formulário de localização de passageiros — a ser preenchido 48 horas antes de você chegar na Inglaterra

Depois de chegar à Inglaterra, você deve:

• Fazer quarentena em casa ou no lugar onde você vai ficar por 10 dias

• Fazer seu teste covid-19 pré-reservado no dia 2 ou antes e no dia 8 ou depois — você deve reservar esses testes antes de viajar

Se você estiver na Inglaterra por menos de 10 dias, precisará ficar em quarentena pelo tempo que estiver no país. Você precisa reservar os testes de viagem do dia 2 e do dia 8. Você só precisa fazer os testes se ainda estiver na Inglaterra nesses dias.

Você também pode encerrar a quarentena mais cedo se pagar por um teste covid-19 privado por meio do esquema chamado 'Teste para liberação'.

Jair Bolsonaro e Boris Johnson
PA Media
Bolsonaro e Johnson se reuniram em Nova York durante viagem para participar da Assembleia Geral da ONU

Bolsonaro e Johnson

A liberação da entrada dos brasileiros no Reino Unido foi um dos pleitos do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) ao primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, durante um encontro bilateral ocorrido quando os dois estavam em Nova York (Estados Unidos) há algumas semanas, para a Assembleia-Geral da ONU.

Como de praxe, o mandatário brasileiro fez o discurso de abertura da solenidade. Ele tentou vender uma imagem positiva do Brasil, mas não abandonou o discurso ideológico.

Durante essa reunião entre Bolsonaro e Johnson, outros temas foram discutidos. Johnson falou a Bolsonaro sobre os benefícios da vacina da AstraZeneca contra a covid-19, desenvolvida no Reino Unido. Bolsonaro respondeu dizendo que não havia sido vacinado.

Mais tarde, em live a apoiadores, Bolsonaro falou que o premiê britânico lhe pediu um acordo "emergencial" para diminuir a escassez de um produto alimentício não especificado.

"Ele quer um acordo emergencial conosco para importar algum tipo de mantimento nosso que está em falta na Inglaterra. Então, a inflação veio para todo mundo depois do 'fique em casa, a economia a gente vê depois', e alguns países estão com falta de alimento. Essa batata eu já passei lá para a dona Tereza Cristina (ministra da Agricultura)", afirmou o presidente brasileiro, sem mencionar a qual produto Johnson teria se referido.

No entanto, a informação foi desmentida à BBC News Brasil pelo gabinete de Johnson, que considerou que as alegações não condiziam "com a lembrança dos eventos".

Nos bastidores, contudo, o entendimento foi de que o governo britânico tratou as declarações de Bolsonaro como falsas.


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