Alemanha

Ex-guarda de campo nazista se silencia

Correio Braziliense
postado em 07/10/2021 22:27
 (crédito: Tobias Schwarz/AFP)
(crédito: Tobias Schwarz/AFP)

Josef Schutz, o homem acusado de “cumplicidade” pela morte de 3.518 prisioneiros do campo de concentração de Sachsenhausen, perto de Berlim, escondeu o rosto atrás de uma pasta azul e permaneceu em silêncio ao ser questionado sobre os crimes cometidos entre 1942 e 1945. A 40 dias de completar 101 anos, o ex-cabo da divisão “Totenkopf” da Schutzstaffel (SS, a polícia nazista) teria auxiliado no fuzilamento de presos de guerra soviéticos e no assassinato nas câmaras de gás, por meio da substância Zyklon B.
“O acusado não falará. Apenas dará informações sobre sua situação pessoal”, declarou o advogado Stefan Waterkamp. Foi assim durante o primeiro dia de julgamento em Brandenburg an der Havel, no leste da Alemanha. Apesar da idade avançada e dependente de um andador, o réu respondeu às perguntas do juiz de forma clara, ao ser questionado sobre seu nome e sua situação pessoal. Segundo a agência de notícias France-Presse, Schutz afirmou que mora na região de Brandemburgo, próximo à capital alemã, e que é viúvo desde 1986. Ele não escondeu o orgulho ao revelar que vai “comemorar o 101º aniversário em 16 de novembro”.
“Antes tarde do que nunca, antes uma justiça imperfeita do que nenhuma justiça”, afirmou ao Correio Efraim Zuroff, caçador de nazistas israelense e presidente do Centro Simon Wiesenthal (em Jerusalém). “Schutz foi um guarda em Sachsenhausen por mais de três anos e ajudou os nazistas a executarem milhares de pessoas inocentes.”
Schutz terá que comparecer a 21 audiências no tribunal até o veredicto ser proferido. Na primeira sessão, o promotor Cyrill Klement leu parte das 134 páginas do documento de acusação. Quando os crimes ocorreram, o réu tinha 21 anos. Durante nove anos de funcionamento, desde a abertura, em 1936, até a libertação pelos soviéticos, em 1945, Sachsenhausen abrigou 200 mil prisioneiros — opositores políticos, judeus e homossexuais. (RC)

» Eu acho..

“O julgamento de um nazista de 100 anos envia uma poderosa mensagem de que a passagem do tempo nunca diminui a culpa dos criminosos e de que a idade avançada não pode proteger os autores da Justiça.”

Efraim Zuroff, caçador de nazistas israelense e presidente do Centro Simon Wiesenthal (em Jerusalém)

 

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