A segurança de Israel continuará a ser uma prioridade "para qualquer governo alemão", declarou neste domingo (10/10) a chanceler Angela Merkel em sua última visita oficial ao Estado hebreu, com o qual Berlim estreitou laços durante seu mandato de 16 anos.
A visita estava programada originalmente para agosto, mas foi remarcada devido à retirada das forças dos Estados Unidos e de seus aliados (incluindo a Alemanha) do Afeganistão, o que abriu a porta para o Talibã retornar ao poder.
Merkel, que chegou a Tel-Aviv na noite de sábado, se encontrou com o novo primeiro-ministro, Naftali Bennett, esta manhã em Jerusalém.
"O relacionamento entre a Alemanha e Israel era forte, mas sob seu mandato se tornou mais forte do que nunca. Não é mais apenas uma aliança, mas uma verdadeira amizade, e devemos isso à sua liderança", disse Bennett.
A chanceler alemã, que planeja visitar o memorial Yad Vashem às vítimas do Holocausto esta tarde, saudou o fato de que, após o genocídio judeu perpetrado pela Alemanha nazista, as relações atingiram "tal nível" entre os dois países.
"A questão da segurança de Israel sempre será de importância central para qualquer governo alemão", acrescentou Merkel, cujos anos no cargo foram elogiados pela imprensa israelense.
O jornal de direita Israel Hayom estimou que "nenhum chanceler alemão fez tanto para melhorar as relações entre a Alemanha e Israel quanto Angela Merkel".
Os dois líderes também vão discutir neste domingo a questão do programa nuclear iraniano, que Bennett disse recentemente à ONU que "cruzou todas as linhas vermelhas".
Israel tenta convencer a troika europeia (França, Reino Unido e Alemanha) a se abster de assinar um novo acordo com o Irã que poderia permitir a aquisição de uma bomba nuclear.
Durante seu mandato, Merkel fez da segurança de Israel uma de suas prioridades de política internacional.
Em maio, seu governo defendeu "o direito de Israel de se defender" em meio ao conflito de curta duração entre o exército hebreu e o movimento Hamas em Gaza, que causou 260 palestinos e 13 israelenses.
Sem encontro com palestinos
Merkel não planeja ir a Ramallah, a sede da Autoridade Palestina de Mahmoud Abbas na Cisjordânia ocupada. A chanceler é a favor da solução de dois Estados e se opõe à colonização da Cisjordânia por Israel, mas os defensores da causa palestina a reprovam por não dar ênfase suficiente a essa questão.
Atualmente, mais de 675.000 colonos israelenses vivem em Jerusalém Oriental e na Cisjordânia, territórios palestinos ocupados por Israel desde 1967.
"O novo governo alemão deve colocar os direitos humanos no centro de sua política em relação a Israel e à Palestina", disse Omar Shakir, especialista em conflito israelense-palestino da Human Rights Watch, em um comunicado.
Questionada por jornalistas sobre o assunto, Merkel disse que abordou várias questões, mas que "a questão das colônias ainda não foi discutida. É uma questão mais delicada".
"Temos que nos preocupar com a situação dos vizinhos de Israel e acho que só há um caminho", acrescentou, referindo-se à criação de um Estado palestino.
Naftali Bennett, por outro lado, reiterou sua oposição a um Estado palestino. "Um Estado palestino provavelmente será um Estado terrorista a sete minutos de nossa casa", disse ele, acrescentando que seu governo está lançando "diferentes ações no terreno para tornar as coisas mais fáceis para todos".
A chanceler também não deve se encontrar com Benjamin Netanyahu, o atual chefe da oposição, mas que foi primeiro-ministro de Israel durante a maior parte de seu mandato.
Merkel se prepara para deixar o poder com inúmeras viagens de despedida nos próximos meses a países como Estados Unidos, França, Rússia e Itália.
Social-democratas, ecologistas e liberais negociam uma coalizão sem precedentes para assumir o governo do país.
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