Alexander Schallenberg deve assumir hoje o “grande desafio” de atuar como chanceler da Áustria. O político de 52 anos trocará a função de ministro das Relações Exteriores pela de premiê para substituir o “jovem prodígio” do OVP, o partido conservador austríaco. Sebastian Kurz, 35 anos, renunciou ao cargo no sábado, após a abertura de uma investigação de compras de reportagens favoráveis a ele entre 2016 e 2018.
Justificando que “cederia o cargo para evitar o caos”, Kurz, que liderou dois Executivos diferentes nos últimos quatro anos, propôs que seu ministro das Relações Exteriores o substituísse. Ontem, Schallenberg se reuniu, primeiro, com o vice-chanceler Werner Kogler, dos Verdes, partido que apoia o OVP, e, depois, com o presidente austríaco, Alexander Van der Bellen. Entre as duas reuniões, disse a jornalistas, que “a tarefa e o futuro” que tem pela frente representam um “grande desafio”, que “não será fácil”. “Mas acho que estamos mostrando um grau incrível de responsabilidade nesse país”, avaliou.
Na noite de sábado, Kogler indicou que seu partido apoiaria Schallenberg para manter a coalizão governamental formada por conservadores e ambientalistas. Ontem, depois do encontro, o vice-chanceler disse estar “satisfeito com a possibilidade de abrir um novo capítulo no trabalho do governo de coalizão”.
Há, porém, especulações de que Kurz seguirá sendo o homem-forte do governo. Quando renunciou, ele disse que ficaria no comando do partido e sendo o parlamentar mais influente da legenda. Para a líder dos social-democratas, Pamela Rendi-Wagner, da oposição, Kurz atuará como um “chanceler nas sombras”. A opinião é compartilhada por Thomas Hofer. “Do ponto de vista de Kurz, Schallenberg é um substituto reserva (...) Kurz agiu dessa forma para continuar no comando do partido e controlar o time governante”, comentou o analista político à agência France-Presse de notícias (AFP).
Estabilidade
Ao renunciar, Kurz disse que tomou a decisão para garantir a estabilidade do governo. Ele estava na corda desde quarta-feira, quando foi anunciada a abertura da investigação por corrupção. Segundo o Ministério Público, entre 2016 e 2018, foram publicados artigos elogiosos e pesquisas favoráveis a Kurz em troca da compra de um espaço publicitário pelo Ministério da Fazenda, na época nas mãos dos conservadores. A imprensa austríaca afirma que se trata do jornal sensacionalista Österreich.
Durante esse período, Kurz participava do governo como ministro das Relações Exteriores. Inicialmente, o líder conservador negou as acusações e denunciou que eram alegações “fabricadas”, mas, na quinta-feira, os Verdes austríacos questionaram a capacidade de Kurz de continuar no cargo. Dois dias depois, o jovem líder renunciou.
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Nas ruas conta o "Polexit"
Os poloneses foram às ruas ontem para demonstrar apoio à permanência do país na União Europeia. Os protestos são uma reação à decisão do tribunal constitucional considerando que leis do país poderiam anular algumas leis do bloco econômico. A oposição do governo nacionalista de direita teme que essa determinação jurídica resulte na saída da Polônia do grupo, o temido “Polexit”. Durante todo o dia, milhares de pessoas lotaram a Praça do Castelo, no centro histórico da capital Varsóvia, entoando gritos de “Vamos ficar!”. Um porta-voz da câmara municipal divulgou que cerca de 100 mil pessoas passaram pelo local, segundo o jornal local Gazeta Wyborcza. Grandes manifestações também ocorreram em outras cidades polonesas. A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, expressou na sexta-feira sua “profunda preocupação” com o questionamento da justiça da Polônia à primazia do direito europeu, e alertou que a UE fará cumprir seu sistema jurídico.