Uma delegação da União Europeia (UE) está em Teerã nesta quinta-feira (14), tentando convencer o Irã a voltar à mesa de negociações para salvar o acordo internacional sobre seu programa nuclear, num contexto tenso após ameaças dos Estados Unidos.
O negociador da UE encarregado do assunto, Enrique Mora, se reuniu com o vice-chanceler iraniano, Ali Bagheri, e ressaltou "a urgência de reiniciar as discussões", segundo seu porta-voz, Peter Stano.
As negociações para salvar o pacto foram retomadas em abril, mas estão paralisadas desde junho, quando o presidente iraniano Ebrahim Raisi foi eleito.
Na quarta-feira, o secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, lamentou a "falta de vontade" do Irã em "dialogar" e insinuou uma ameaça militar, afirmando que seu país estava disposto a recorrer a "outras opções" se a diplomacia não prosperar.
O acordo firmado em 2015 entre o Irã e a comunidade internacional (Estados Unidos, Reino Unido, China, Rússia, França e Alemanha) ofereceu a retirada parcial das sanções do Ocidente e da ONU, em troca do compromisso da República Islâmica de reduzir drasticamente seu programa nuclear.
Mas após a saída americana do acordo em 2018 durante o governo Donald Trump e o restabelecimento das sanções, o Irã começou a abandonar progressivamente seus compromissos.
Desconfiança mútua
Segundo a diplomacia iraniana, a UE e o Irã devem discutir "questões de interesse mútuo, regional e internacional, como as relações entre o Irã e a União Europeia, a questão do Afeganistão e as negociações para o levantamento das cruéis sanções" impostas à República Islâmica.
O governo iraniano, dominado pelos ultraconservadores, parece relutante em fazer concessões e quer que os países europeus garantam que cumprirão o acordo.
Os europeus "devem garantir totalmente à República Islâmica que desta vez nenhuma das partes violará o acordo sobre a questão nuclear", enfatizou o porta-voz do ministério das Relações Exteriores do Irã, Said Khatibzadeh, na segunda-feira.
Segundo o porta-voz do chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell - que está em Washington para falar com o seu homólogo americano -, a UE vai convocar uma reunião de negociadores do pacto assim que todas as partes concordarem.
O presidente dos EUA, Joe Biden, declarou-se disposto a ver seu país retornar ao acordo, desde que Teerã volte a cumprir seus compromissos.
Tanto os Estados Unidos quanto Israel acreditam que Teerã está tentando ganhar tempo para levar seu programa nuclear o mais longe possível.
"Acreditamos que o caminho diplomático é o mais eficaz" para evitar que a República Islâmica se transforme em uma potência nuclear, declarou Antony Blinken na quarta-feira, durante entrevista coletiva com seu homólogo israelense, Yair Lapid, em Washington.
No entanto, indicou que o Irã já teve nove meses desde a posse de Biden para demonstrar seus compromissos. "Estamos preparados para buscar novas opções se o Irã não mudar de rumo", alertou.
Nesta quinta-feira, o Irã respondeu, alertando que Israel não deve empreender nenhuma "aventura militar" contra seu "programa nuclear", em carta dirigida ao presidente do Conselho de Segurança da ONU e divulgada pela agência Tasnim.
Notícias pelo celular
Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.
Dê a sua opinião
O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.