COVID-19

Flórida quer oferecer dinheiro para policiais antivacina trabalharem no estado

Na contramão de 20 estados dos EUA que suspenderam os salários dos oficiais que recusaram o imunizante, o governador Ron De Santis quer recompensar negacionismo

Talita de Souza
postado em 26/10/2021 16:20 / atualizado em 26/10/2021 16:52
Em mais uma medida que enfraquece o combate contra a covid-19, o governador da Flórida, Ron DeSantis, quer recompensar policiais não vacinados para trabalhar no estado -  (crédito: Black Enterprise/Reprodução)
Em mais uma medida que enfraquece o combate contra a covid-19, o governador da Flórida, Ron DeSantis, quer recompensar policiais não vacinados para trabalhar no estado - (crédito: Black Enterprise/Reprodução)

O governador da Flórida, Ron DeSantis, surpreendeu ao anunciar, no último domingo (24/10), que planeja um programa de recrutamento de policiais de fora do estado que se recusaram a tomar a vacina contra a covid-19. Aqueles que concordarem em se mudar para a península receberão, além dos salários, um bônus de US$ 5 mil — cerca de R$ 27,8 mil.

Para o político, a ideia é atrair os trabalhadores que foram "de maneira errada" prejudicados pela decisão de mais de 20 governadores em suspender os salários de policiais e bombeiros que rejeitaram o imunizante.

"Polícia de Nova York, de Minneapolis, de Seattle: estamos 100% entusiasmados em dizer que se você não estiver sendo bem tratado, vamos tratá-lo melhor aqui. Você pode preencher nossas lacunas e vamos recompensá-lo por isso", declarou durante uma entrevista ao programa Sunday Morning Futures, da emissora conservadora Fox News.

O projeto de lei será apresentado na próxima sessão especial do Legislativo da Flórida. No mesmo encontro, o governador antivacina espera que seja aprovada uma legislação que proíbe empresas privadas de impor a obrigatoriedade da vacina para funcionários.

"Ninguém deveria perder o emprego por causa dessas injeções. É uma escolha, mas queremos ter certeza de que estamos protegendo seus empregos e seu sustento", disse Ron.

O governador informou que a sessão para tratar dos temas seria em novembro, mas, após o anúncio do programa, o presidente da Câmara da Flórida, Chris Sprowls, informou aos legisladores, por meio de um memorando, que ainda não há data certa para o encontro.

Os mandatos de obrigatoriedade da vacina para funcionários públicos têm enfrentado grande resistência em diversos pontos do país. Vários sindicatos de polícia dos EUA estão, ainda hoje, em mobilização contra a ordem. Em Chicago, quase 13 mil policiais se recusaram a tomar a vacina, enquanto em Massachusetts 150 renunciaram aos cargos.

Já em Seattle, seis policiais e 11 bombeiros foram demitidos após o mandato do estado ser publicado, em 18 de outubro. Outros 93 policiais e 66 bombeiros estão com processos judiciais para serem desobrigados a tomarem o imunizante.

Governador da Flórida tem histórico de negacionismo

Essa não foi a primeira medida tomada por Ron DeSantis para enfraquecer o movimento de vacinação e combate da covid-19. Em 16 de setembro, a Flórida anunciou uma multa de US$ 5 mil para empresas, escolas e órgãos públicos que exigirem o passaporte de vacina para permitir a entrada de pessoas. A punição é feita por cada caso registrado no local.

Ron também foi contrário ao lockdown e ao fechamento de escolas e estabelecimentos comerciais durante o período mais crítico da pandemia. As restrições ocorreram na Florida apenas por força do Legislativo. No entanto, ainda em maio, à frente da maioria de outros governadores, Ron encerrou todas as medidas de segurança contra a covid-19 no estado.

A Flórida é um dos cinco estados do sul dos Estados Unidos apontados como um foco de nova crise de casos e mortes pela covid-19. Alabama, Arkansas, Louisiana e Mississippi são os outros pontos de risco.

De acordo com o Centro de Controle de Doenças, o problema não é falta de vacina, mas sim a resistência dos moradores em tomarem o imunizante. Nos últimos sete dias, a Flórida registrou, em média, 113 mortes e 1.863 casos por dia.

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